Diversão e Arte

Gravura japonesa do século 19 pode ser vista em exposição em SP

A exposição foi aberta ao público na quarta-feira(16) e se estenderá até o dia 15 de junho

postado em 20/04/2014 14:35
Aberta no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, zona sul paulistana, a exposição A Arte do Ukiyo-e traz gravuras japonesas da década de 1860 para a capital paulista. São 42 trípticos ; conjuntos com três imagens ; e um políptico ; várias gravuras - pertencentes à coleção do artista visual Roberto Okinaka. Os trabalhos atendiam a uma demanda editorial de luxo da região de Edo, atual Tóquio. ;Essas imagens são mercadorias. São estampas para serem veiculadas, como uma revista de arte e luxo;, explica a professora de arte e literatura japonesa da Universidade de São Paulo (USP), Madalena Hashimoto.

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As obras, pouco conhecidas no Brasil, trazem uma influência ocidental que seria inesperada para um país que ainda era muito fechado à época. ;Tem uma cor inesperada. Porque a cor que está trabalhada já é uma cor ocidental, com muitos tons anílicos. É o azul da prússia, o carmesim, verde-esmeralda. São cores que não eram da paleta japonesa. Mas nesses anos, entre 1830 e 1850, começa a ter uma avalanche de pigmentos desse tipo;, destaca sobre as influências em pontos como a cor e a perspectiva usada nos desenhos.

Os elementos ocidentais foram introduzidos, de acordo com Madalena, pelos chineses e holandeses, que há mais de um século tinham conseguido penetrar no país. ;Através deles, muitos livros e objetos são incorporados. Então, a gente nota que o Japão não estava tão fechado assim;, ressalta.

Por outro lado, as gravuras preservam traços fortemente ligados a tradição artística nipônica. ;A gente nota que é uma elegância ímpar tudo, nas figuras femininas e masculinas. Há uma interação entre figura e paisagem muito forte. Essa construção é muito tradicional, pega fontes literárias dos séculos 10, 12;, acrescenta Madalena.

Apesar de terem sido feitas em um período de turbulência social e política, as gravuras ilustram temas amenos e cotidianos. ;É a década em que está acontecendo tudo. Mas essas gravuras que são mostradas aqui são super-plácidas. Quem vê essas gravuras não imagina que o xogunato está desmoronando, tal a idealização desse universo de calma, arte e estabilidade;, analisa a professora lembrando o período histórico. A queda dos senhores feudais ; xoguns ; abriu espaço para a centralização do poder no imperador.

A exposição foi aberta ao público na quarta-feira(16) e se estenderá até o dia 15 de junho.

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