Diversão e Arte

Premiada diretora Ana Carolina volta à cena com A primeira missa

O longa-metragem é um retrato peculiar do Brasil

Ricardo Daehn
postado em 28/04/2014 06:01

Cena do filme A primeira missa, que estreia no próximo dia 29 em todo o país

Lisonjeada, mas, ao mesmo tempo, desiludida: é assim, na eterna dualidade, que a cineasta Ana Carolina vibra ; mesmo quando ela é objeto de celebração, como na recém-encerrada Mostra do Filme Livre, organizada na capital, pelo CCBB. ;Gostei da ocasião, mas repercute muito pouco, né? É estranho. Um garoto de 18 anos já não sabe que filmes eu fiz. Você tem que pegar o caminho de volta, lá embaixo, e trazer esse espectador. A velocidade de hoje em nada soma: que valor cumulativo a gente tem hoje? Nenhum. É tudo tão rápido;, emenda a diretora, aos 70 anos.


Numa conversa, Ana deixa transparecer o apetite por outro tempo, como aquele de 1974, quando foi assistente de direção de Construção de Brasília. Na calmaria ; ;cheiroso, lavado, passado e impecável; ;, o ex-presidente Juscelino Kubitschek complementou, em luxo único, a narração para as 25 latas de filme sobre o nascer da capital. ;Terno bege, meias de seda marrom café, sapatos da mesma cor e gravata idem, ele tomou água e café e, numa cadeira, falou a tarde inteira, sem parar. Mal conseguíamos interromper, e foi um fascínio, até por eu não conhecê-lo, pessoalmente, antes. Ficou daquilo, o contato com a utopia de uma geração que estava coagulada nele. A utopia de um Brasil, forte, capaz, de um Brasil inteligente, e que se resolvia: um Brasil que era brasileiro;, enfatiza.

Sem meios de predição, ela renega ao exercício da futurologia: ;Muitas questões, num país sem normatizações morais, éticas e filosóficas, levam a lugar nenhum;.

Entre idas e vindas no tempo, o mais recente longa da diretora ; A primeira missa (ou tristes tropeços, enganos e urucum), que tem estreia nacional dia 29 de maio, não é um filme histórico, como ela destaca. ;Eu me inspirei no famoso quadro de Victor Meirelles, para uma discussão: o filme veio para falar das dificuldades de se estabelecer um marco do Brasil como nação. Coisa aliás que, na minha opinião, está sendo posta à prova. Não sei se isso daqui, de fato, é uma nação. E olha que nasci aqui, hein!”, alfineta.

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