postado em 19/05/2014 07:57
Houve um tempo em que mulher de verdade era aquela que não tinha vaidade e sabia lavar e cozinhar. Se o companheiro pulasse a cerca, a culpa era dela. Se essas afirmações viessem a público hoje, causariam bastante polêmica entre aqueles que criticam e combatem a desigualdade entre os gêneros. Mas, durante algum tempo, elas foram realidade, e a música popular documentou fartamente o tratamento dispensado às mulheres pelos compositores brasileiros no último século.
Tais músicas soam absurdas nos dias de hoje, mas devem ser analisadas em seu devido contexto. No ano passado, quando o rapper Emicida lançou a faixa Trepadeira, grupos feministas a tacharam de machista por depreciar a mulher sexualmente livre. ;Dei todo amor, tratei como flor/Mas no fim era uma trepadeira;, diz um trecho da letra. O artista paulistano negou que a obra tivesse a intenção de desrespeitar as mulheres.
O politicamente correto, em outros tempos, teria barrado composições de nomes como Noel Rosa, Dorival Caymmi e Ary Barroso. Mas as diversas visões sobre o sexo feminino ao longo das últimas décadas, preconceituosas ou não, certamente contribuíram para ampliar o debate sobre o papel da mulher na sociedade. ;Mário Lago disse que nunca quis fazer uma música machista com Ai que saudade da Amélia. Mas, para esses compositores, isso era uma coisa normal;, destaca o jornalista Rodrigo Faour, autor do livro História sexual da MPB.
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