Diversão e Arte

Cannes: Surpresa com premiação de filme italiano e homenagem a Godard

Palma de Ouro tinha destino certo, mas festival trouxe premiações inesperadas. EUA levam prêmios de diretor e atriz e Colômbia salva a honra da América Latina

Agência France-Presse
postado em 24/05/2014 19:27
O prêmio ao turco Nuri Bilge Ceylan, 55, diretor de Winter Sleep, ganhador da Palma de Ouro era previsto pela crítica de Cannes, que, no entanto, foi surpreendida pela segunda recompensa mais importante da cerimônia, o Grand Prix, que premiou "Le Meraviglie", da cineasta italiana Alice Rohrwacher, uma fábula sobre a passagem para a vida adulta e a utopia da vida natural. Alice, 33, recebeu o prêmio das mãos da estrela e diva italiana Sophia Loren, 79.

[SAIBAMAIS]O filme de Alice "cria um mundo e nos insere nele", disse Jane Campion na entrevista coletiva, da qual participaram os nove membros do júri, entre eles o mexicano Gael García Bernal. O outro prêmio que surpreendeu Cannes foi o do júri, atribuído conjuntamente a Jean-Luc Godard, 83, por "Adieu au Langage", e Xavier Dolan, 25, cujo "Mommy" caiu sobre Cannes como um raio.

O cineasta mais velho e o mais jovem da competição, respectivamente, foram ovacionados no Palácio dos Festivais. Dolan assinalou que divide com Godard a vontade de "experimentar" e guiar o cinema por novos caminhos. "Dolan é um gênio, e Godard fez um filme que é um poema", disse Jane Campion.

EUA levam prêmios de diretor e atriz

O cineasta americano Benett Miller foi coroado como melhor diretor por "Foxcatcher", inspirado na história real de um homicídio cometido pelo herdeiro de uma das famílias mais ricas do mundo, os du Pont. Esta foi a primeira vez que o realizador dos magníficos "Capote" e "O Homem Que Mudou o Jogo" competiu em Cannes. Ele venceu com um filme inteligente, que mergulha o espectador no mundo da luta livre através de um "thriller psicológico" sobre a ambição e o dinheiro.

O prêmio de melhor atriz foi para Julianne Moore, 53, por "Maps to the Stars", do canadense David Cronenberg, em que ela interpreta "Savana Segrand", atriz de sucesso efêmero que vive ressentida, à sombra da mãe famosa.

Consagração do ator de "Mr. Turner" e do russo "Leviathan"

O britânico Timothy Spall, 57, levou o prêmio de melhor ator por sua interpretação do pintor inglês J.M.W. Turner (1775-1851) no filme homônimo de Mike Leigh. "Mr. Turner", de Leigh, conta a história do "pintor da luz" inglês, precursor dos impressionistas, que Timothy Spall encarna com veracidade e realismo, em seus momentos de luz e sombra.

Cannes atribuiu o prêmio de melhor roteiro a "Leviathan", drama impregnado de humor negro sobre a Rússia contemporânea, de Andrei Zvyagintsev, que o cineasta escreveu com o roteirista Oleg Negin. Rodado em uma aldeia às margens do Mar de Barents, o filme de Zvyagintesev, apoiado por uma fotografia espetacular, narra a eterna disputa entre o indivíduo e o sistema.

Colômbia salva a honra da América Latina

A Argentina, que competiu com "Relatos Salvajes", de Damián Szifrón, foi embora de mãos vazias, mas a Colômbia salvou a honra da América Latina com uma Palma de Ouro para o curta "Leidi", do colombiano Simón Mesa Soto. A coprodução da Colômbia e Grã-Bretanha, de 15 minutos, conta a história de uma jovem que sai em busca do pai de seu filho.

"Em sua história, estão condensados muitos aspectos do meu país e da América Latina em seu conjunto", disse Mesa Soto após a premiação, na última edição do festival presidida por Gilles Jacob.

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