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"Não somos uma coisa só", diz Paulo Miklos em entrevista ao Correio

Banda Titãs lança 18º disco em 32 anos de carreira e mantém o vigor roqueiro, com guitarras pesadas e letras atuais

postado em 26/05/2014 08:02
Titãs: grupo se reinventa com o novo álbum Nheegatu, com 14 faixas inéditasA longevidade contínua e produtiva tornou-se uma marca dos incansáveis Titãs, no decorrer da trajetória de 32 anos. Sempre ocupados, em meio às turnês, saídas de integrantes e projetos paralelos, os roqueiros deram vida a 18 discos desde o debutante Titãs, lançado em 1984. Recém-lançado, o álbum Nheengatu, lapidado com 14 faixas inéditas, novamente os traz à tona e, de quebra, os recoloca sob a mira das comparações.

O novo disco reúne elementos dos primórdios dos Titãs, responsáveis por consolidar a carreira dos cabeças dinossauros. Autores de clássicos como Polícia, Sonífera ilha, Bichos escrotos, Homem primata e Flores resgatam aspectos que os alavancaram na década de 1980 e 1990, principalmente. Nheegatu traz protestos despudorados gritados em refrões, coros fortes que atropelam os vocais de Paulo Miklos, guitarras pesadas ; ou marcadas pelo ritmo do ska em determinadas ocasiões ; e características regionais.



Trabalhado com calma, o álbum demorou três anos para ser construído pelos Titãs, que conta hoje com Paulo Miklos na guitarra e nas vozes, Branco Mello no baixo e nas vozes, Sérgio Britto no teclado e, às vezes, no baixo, e Tony Bellotto na guitarra e no violão, além de Mario Fabre como músico convidado para a bateria. As letras de Nheengatu são fortes, alicerçadas sobre críticas à política e a outros temas do Brasil e pensadas ao longo de várias reuniões coletivas. Uma das faixas, Cadáver sobre cadáver, também contou com a participação do ex-titã Arnaldo Antunes.

Mas vocês ainda estão em atividade. Você usa internet para ter noção do que o público acha dos seus shows, dos seus trabalhos?

Claro. Uso as redes sociais, o Facebook oficial dos Titãs, o Twitter e o Instagram. A proximidade possibilita esse termômetro. Sabemos e ouvimos críticas, a gente lê. Com isso, tem um trânsito de ideias, é muito estimulante. Às vezes, é inspirador também. É fantástico fazer um trabalho e senti-lo instantaneamente. Agora, com novo disco saindo, já ouvimos as pessoas comentando ;estou ouvindo agora;, e vemos a impressão delas. Isso é muito genial;

Tá, é genial quando as críticas são boas; Mas quando são ruins, acho que não, né?

Não, nada disso! As pessoas falam mal também. Sabe aquela história dos haters da internet? Tem mais gente falando mal, jogando pedrada, do que gostando. Acho que quem gosta fica com preguiça de falar. Na hora de detonar, fazem questão. E, quando isso acontece, vou banindo geral, é um prazer que tenho no final do dia, cortar umas cabeças na internet (risos)"

E o que essa maturidade, essa carreira longeja, o traz para os Titãs?

"Traz muita coisas boas, e só. Coisa ruim, não traz. Também é uma grande realização você saber que tem fãs que acompanham você há anos e, também, saber que pessoas até hoje se interessam em saber do seu trabalho, saber que você pode movimentar pessoas e instigar o público. Essa é a nossa intenção, nos impomos desafios. Isso, na medida do tempo, sempre foi nossa tônica, isso está no DNA do grupo. O passar do tempo só mantém a gente com a mesma energia e mesma gana do começo. Cada disco, encaramos como o primeiro. Sempre arriscamos"

E a saída dos integrantes, que ocorreu algumas vezes durante a carreira de vocês, como te afetam?


Para mim, não é um problema. É algo que sabíamos que aconteceria normalmente. Nosso projeto tinha 8 integrantes, que começaram no primeiro disco, lá atrás. Por mais que não nos déssemos conta no início, as saídas eram algo esperado de se acontecer. No caso do Arnaldo (Arnaldo Antunes), ele ja este neste disco, com parceria. Com o Nando (Nando Reis) e o Charles (Charles Gavin) tenho uma relação. Inclsuive de parceria e de contribuição para o trabalho do grupo ainda. Essas coisas são naturais, a gente saber conviver, temos clareza daquilo que desejamos para o trabalho e temos boas relações humanas. Temos vínculo muito forte, afetivo, crescemos juntos, nada é um problema. É tudo questão da nossa intimidade e proximidade".

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