postado em 08/06/2014 10:00
Pela primeira vez desde que saiu do Asa, Durval Lélys vem a Brasília neste domingo (08/6), a partir das 17h, fazer um show com sua nova marca, Durvalino, na festa Oxalá -- que será lançada domingo na Praça dos Orixás de Brasília --. É a terceira apresentação do músico nesta fase de carreira solo.Durval Lélys não quer mais ser empresário. Agora ele é artista. "E só", ressalta. Detentor de uma parte do grupo Asa de Águia, em que foi vocalista por 27 anos, ele disse com exclusividade ao Correio que estava saturado. Sua relação com Brasília também ganhou espaço na entrevista, e o cantor chegou a afirmar que a arquitetura e o céu da cidade o inspiraram a escrever algumas canções.
Sua mulher é brasiliense, seu cunhado é empresário do ramo de entretenimento daqui e você tem casa em Brasília. Qual sua relação com a cidade?
Durval Lélys: Brasília só me trouxe alegrias. Acredito até que já escrevi várias canções enquando estive na cidade. O céu é inspirador e a arquitetura incrível. Sou arquiteto formado, mas pouca gente sabe. Mesmo antes de trabalhar com axé frequentava a cidade em congressos acadêmicos. Acho linda. Venho aqui cerca de 10 vezes por ano. Quando conheci minha mulher, há 13 anos, estava aqui.
Em abril deste ano você publicou um vídeo em seu canal no Youtube falando sobre o "congelamento" do Asa de Águia. Como está essa história? Será que o brasileiro nunca mais vai vê-los no palco?
Toda grande empresa precisa se reestruturar. O Asa está congelado mas ainda é de minha propriedade. Fomos os precursores dos trios elétricos e até do Carnaval Indoor (em locais fechados); fizemos muita coisa boa. Toda empresa com quase 30 anos de história acaba se tornando muito cara. Entre outras coisas, foi necessário enxugar minha estrutura. Não descarto uma turnê futura, mas os músicos precisam ter um interesse comum para que aquilo dê certo. A divergência entre a equipe foi um dos motivos pelo qual o Asa de Águia está como está.
É verdade que contratar Durval Lélys custa 50% menos que contratar o Asa?
Não vamos falar em valores, mas com certeza é mais barato. Ainda estou começando minha nova carreira, e para consolidar a marca Durval Lélys é necessário me apresentar ao público e mostrar esta nova fase com cautela. Não sou mais um empresário, agora sou artista. E só. Vou receber meu cachê e seguir em frente.
Vocalistas como você e Bel Marques, do Chiclete com Banana, saíram de seus grupos para iniciar carreira solo. A fórmula dos gigantes do axé está decadente? Como você vê a geração "Lepo-Lepo"?
Acredito que não, pois tem espaço para todo mundo. Não sei como funciona no Chiclete, pois não os acompanho, mas eu quis sair para adquirir novas experiências. Os artistas e seus formatos são reconhecidos porque o brasileiro exige uma mescla de informações e ritmos. Boas músicas vão ser sucesso sempre. O Lepo-Lepo foi muito bem escrito, e mesmo estourando em todos os lugares ainda não enjoou. Isso é um ótimo sinal.
Em 2013, dez anos depois da última Micarê Candanga, empresários da cidade tentaram reavivar o evento, que deu prejuízo. Neste ano, o festival vai ter apenas um dia de duração, sendo que a tradição é fazer em dois. As Micaretas estão desaparecendo?
Infelizmente sim, estão por baixo. Isso sem falar nas festas de rua, que desapareceram e acho que não voltam mais. A legislação burocratiza muita coisa, e o patrocínio não é mais abundante como foi um dia. O Carnaval é uma excessão, já que foi incorporado culturamente.
Você será a grande atração da festa Oxalá, neste domingo, em Brasília. Durval Lélys já começou como uma grande marca?
De forma alguma. Estou recomeçando. Nesta ocasião terei um grande companheiro, Jau, que fez sucesso na Bahia com a música Amanda. ALém disso, a atração mesmo é a festa, que está sendo lançada, e não quem vai animá-la. Trabalho em equipe é muito importante, e garanto que o público vai adorar. Senão, eu mudo de nome.