Severino Francisco
postado em 24/06/2014 08:15
Nelson Rodrigues afirmava que o mal da literatura brasileira é que não temos nenhum romancista que saiba cobrar um escanteio. Pode ser verdade em relação aos ficcionistas, mas os vates dão as suas caneladas. Eles estão presentes na antologia Pelada poética (Scriptum). A vida de Armando Freitas Filho, 74 anos de idade, um dos maiores poetas brasileiros vivos, é indivisível do futebol: ;A primeira coisa que me definiu na vida foi o fato de ser torcedor do Fluminense. Eu tinha 6 anos quando comecei a ser tricolor. Vejo a Seleção Brasileira jogar e claro que fico nervoso. Mas a Seleção somos nós, brasileiros; o meu time sou eu;.
Quando o Fluminense perde, Armando precisa adotar roteiros alternativos nas caminhadas diárias pelas ruas do Rio de Janeiro para driblar o porteiro vascaíno, o jornaleiro flamengusita até a alma ou o dono do quiosque botafoguense doente: ;É para escapar da gozação. Há muita contenda e discussão sobre futebol na rua, coisa que pratico também com todo gosto, apesar da idade. A gente gosta de discutir o jogo de domingo. É uma coisa muito forte no Rio;.
Armando jogou futebol de praia, colecionou vários títulos, era ágil pela magreza e chutava com as duas pernas: ;Apesar de magro como o Oscar, levava certa vantagem quando o adversário pensava que estava marcando a perna boa. O único que vi sair só de um lado e ganhar sempre foi o Garrincha, com uma incrível velocidade. Parei de jogar aos 35 anos por recomendação médica. O doutor disse que, se eu continuasse teria problemas nos joelhos. Não poder jogar mais futebol foi uma das ruínas que a gente acumula na vida;.
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