Nahima Maciel
postado em 30/06/2014 07:00
Quando o bandoneon toma a dianteira de Qui nem jiló, o que se ouve é uma visita melancólica a um clássico do forró, com notas que evocam o tango argentino e casam perfeitamente com a harmonia de Luiz Gonzaga. Quando chega a vez do piano, é ao chorinho que o estacato conduz o ouvinte no arranjo preparado a quatro mãos pelo pianista brasileiro Marcelo Ghelfi e pelo bandeonista argentino Rodolfo Mederos. Qui nem jiló é uma excelente forma de começar um disco nascido do diálogo do acaso, durante um jantar após um concerto em São Paulo.
Há três anos, Ghelfi convidou Mederos para ser o solista de um concerto com a Orquestra Sinfônica Municipal da capital paulista. O programa era uma homenagem aos 90 anos do nascimento de Astor Piazzolla, uma especialidade de Mederos, que tocou ao lado do compositor durante os anos 1960. Piazzolla descobriu o bandeonista ouvindo rádio. Ficou tão impactado que o convidou para subir ao palco. Depois do concerto em São Paulo, Mederos sugeriu a Ghelfi que fizessem um trabalho juntos. ;Achei que fosse brincadeira, porque ele gravou com muitas pessoas importantes;, conta o pianista.
Não era brincadeira, como Ghelfi descobriu em seguida. Encontro nasceu de uma parceria afinada. ;Quando conheci Marcelo, compreendi que é um músico muito sensível e inteligente. Senti então vontade de fazer um projeto com ele. Cada um elegeu as obras de seu país e realizou os arranjos. Em alguns casos, os arranjos foram feitos entre ambos;, conta Mederos, que esteve em São Paulo no início do mês para um show de lançamento que lotou o teatro do Sesc Pompeia, patrocinador do projeto.
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