Diversão e Arte

Escritores analisam e dão impressões sobre as frustações e dramas na Copa

O Diversão conversou com escritores que acompanham cada passo da Brazuca para saber como avaliam o Mundial até agora

Nahima Maciel
postado em 03/07/2014 08:36
Cristóvão Tezza: É uma seleção imatura, nas mãos de um técnico limitado
Futebol é coisa séria na literatura. Inspira a escrita, mas também a discussão. E ela pode vir de diversas formas. Em contos ou em crônicas, em ficção ou comentário, a bola está em campo na literatura brasileira. O Diversão conversou com escritores que acompanham cada passo da Brazuca para saber como avaliam o Mundial até agora. Todos eles têm alguma relação com o futebol e já escreveram sobre o esporte. Antônio Torres, autor de 18 livros e membro da Academia Brasileira de Letras, cobriu a primeira fase do Mundial para uma revista portuguesa. André de Leones se juntou a Flávio Izhaki, Lielson Zeni e Túlio Pires Bragança para criar o blog Pelé Calado, no qual analisam as partidas e não poupam críticas às seleções.



Cristóvão Tezza, autor de O filho eterno, romance premiado com o Jabuti, o Portugal Telecom e o Prêmio São Paulo de Literatura em 2008, trouxe o futebol para o centro das crônicas publicadas semanalmente na Gazeta do Povo, em Curitiba, e o mexicano Juan Pablo Villalobos, autor do celebrado Festa no covil e casado com uma brasileira, viveu um pequeno drama doméstico: os filhos queriam que as duas seleções ganhassem a Copa. Leia a seguir o que dizem os autores sobre o Mundial no Brasil, a performance da seleção de Felipão e a organização padrão Fifa.

Cristóvão Tezza

Notório torcedor do Atlético Paranaense, o escritor catarinense tinha 17 anos quando o Brasil trouxe do México a taça de tricampeão, em 1970. Desde então, Tezza se interessa por futebol tanto quanto por literatura. O esporte aparece em vários contos e romances do autor. Em Curitiba, onde mora, ele foi ao estádio assistir a Equador X Honduras. Foi tudo muito organizado, mas não o suficiente para apagar a desconfiança em relação aos gastos com a Copa. ;Aos trancos e barrancos, os estádios ; quase todos superfaturados, segundo o padrão Brasil ; ficaram prontos para os jogos;, aponta. De maneira geral, Tezza avalia o desempenho das seleções como fantástico e emocionante. E ele não tinha dúvidas de que as manifestações de julho de 2013 não atrapalhariam o Mundial. ;Só a clássica cegueira político-intelectual do país poderia imaginar que o ;não vai ter Copa; teria algum sucesso. A Copa é, culturalmente, um carnaval brasileiro. Não se proíbe carnaval;, constata. Já a Seleção Brasileira precisa de ajustes: ;É uma seleção imatura, nas mãos de um técnico limitado. Mas o peso da torcida é grande, e, se o time superar a insegurança emocional, poderá ir longe, sempre aos trancos e barrancos;.

André de Leones

André de Leones aponta o equilíbrio entre as seleções como o destaque desta Copa. ;Todos os jogos têm sido parelhos e, por isso mesmo, emocionantes;, avalia. Mas está difícil acreditar na Seleção Brasileira. Na opinião do escritor, ela vai mal das pernas. ;Scolari parece ter isolado Oscar num lado do campo a fim de liberar Neymar, mas isso tem como resultado uma ineficiência criativa absurda. É um futebol obsoleto e previsível, que por muito pouco não eliminou a Seleção Brasileira.; Leones também reclama da torcida. Acha que ela não tem garra, sucumbe fácil, não apoia e ainda carrega um ranço de falta de educação. O escritor achou feio as vaias à presidenta Dilma Rousseff e ao Hino Nacional do Chile. ;As torcidas estrangeiras, sobretudo as latino-americanas, têm dado um show, a meu ver;, diz. ;Já a torcida brasileira é deseducada, desinteressada (incrível como se procura o tempo todo nos telões) e patética. Não aprecia o jogo. Aprecia o fato de estar ali e de ser visto.; No blog Pelé Calado, Leones solta o verbo com direito a inserções de pensamentos que conectam o futebol ao cinema, à música e à literatura.

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