postado em 05/07/2014 11:30
Zuza Homem de Mello viu e ouviu praticamente tudo referente à música popular brasileira, da década de 1950 até os dias de hoje. O jornalista e musicólogo, que atuou como baixista na juventude, foi engenheiro de som dos festivais da TV Record, nos anos 1960, e tornou-se umas das principais referências quando a MPB entra na pauta. Nos programas de tevê e de rádio que comandou e nos artigos, entrevistas e reportagens que produziu para a imprensa, Zuza ajudou a contar uma parte fundamental da história cultural recente do país.Aos 81 anos, em plena atividade, Zuza reuniu 140 desses textos, escritos ao longo de seis décadas, no livro recém-lançado Música com Z. De Elizeth Cardoso a Charles Mingus, de Itamar Assumpção a Dizzy Gillespie, a coletânea é boa oportunidade para nos lembrar, também, do enorme apreço do autor pelo jazz, cujas impressões ele despeja com maestria ao longo das páginas.
Em entrevista ao Correio, o estudioso dá dicas de como arrancar profundidade de um entrevistado, esnoba Marisa Monte e Maria Rita, critica o Procure Saber e lamenta o atual modelo que rege a indústria cultural. ;Os meios de comunicação no Brasil de hoje não são dirigidos por pessoas que conheçam de música;, dispara.
Em 2003, você escreveu um texto imaginário como se fosse sua amiga Elis Regina, reproduzido no livro Música com Z. Uma década depois, e mais de 30 anos após a morte dela, o que Elis diria sobre o Brasil de hoje?
Ela estaria do mesmo jeito, sem papas na língua. Elis tinha uma grande percepção do que se passava na área musical, e isso é o que fazia dela uma pessoa diferenciada. Elis não era só uma cantora; E, tirando todas as qualidades musicais dela, você podia falar com ela sobre todos os assuntos: futebol, política, social. Você não pode conversar sobre isso com os caras do sertanejo universitário, não tem a menor condição. Eles morreriam na primeira frase.
E o que Elis acharia, então, do sertanejo universitário?
Que é uma enganação, né? É um gênero para as pessoas musicalmente muito ingênuas. Você não pode obrigar que todas as pessoas sejam capacitadas a entender de música, mas há um enorme contingente que engole qualquer coisa e acha graça. Esse contingente cresceu assustadoramente nos últimos anos no Brasil, mas um dia eles não vão mais se satisfazer com isso.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.