Adriana Izel
postado em 07/07/2014 08:36
Nos últimos anos, nomes como Lady Gaga, Beyoncé, Rihanna, Justin Bieber e Katy Perry ganharam fama. Porém, em um mercado conhecido por inovações constantes, o grande desafio é manter-se no topo. Por isso, esses cantores apostam em estratégias diferentes. Alguns acertam, outros não. ;O status do artista pop está altamente ligado às tendências das rádios e essas, por sua vez, às novidades que, atualmente, surgem a todo momento. Com a internet, em minutos, são eleitos e esquecidos, por exemplo, 10 astros do pop;, comenta Guilherme Tintel, responsável pelo It Pop, portal especializado em cultura pop.
Em 2011, quando Lady Gaga lançou o disco Born this way, de sucessos como The edge of glory e You and I, foi como se a artista avisasse que seria uma das rainhas do pop por muitos anos. O disco vendeu 1,1 milhão de cópias na primeira semana, e a cantora ainda vinha de números importantes atingidos com The fame (2008) e The fame monster (2009). O primeiro comercializou mais de 12 milhões pelo mundo e, antes mesmo de lançar Born this way, ela já tinha atingido 40 milhões em vendas de singles.
Tudo estava indo muito bem para a cantora: ela agradava ao público com canções inovadoras; abusava da estratégia digital ao divulgar teasers e singles na internet; e causava frisson com as esquisitices. Porém, a trajetória bem-sucedida começou a desmoronar assim que o disco Artpop foi lançado, no ano passado. O álbum não agradou, apesar de ter atingido uma boa venda (258 mil cópias na primeira semana) se comparado com os lançamentos de Katy Perry (286 mil) e Miley Cyrus (270 mil).
;No começo, tudo era muito novo e estavam todos amando aquela garota estranha, mas com o tempo deve ter ficado difícil até para ela impressionar. Aí, começou aquele cenário inverso, em que se assustavam com ela vestindo um jeans ou roupas comuns;, explica Tintel. O editor do It Pop completa dizendo que a imagem da cantora foi desgastada com a turnê Born this way, e a polêmica do plágio de Express yourself, de Madonna, também pegou muito mal.
Duas perguntas para Guilherme Tintel, editor do It Pop
Depois de ter tido uma estreia de sucesso, a cantora Lady Gaga está amargando resultados negativos com o novo disco. O que você acha que levou a isso? Os excessos podem ter se tornado chatos para o público?
Falar de Lady Gaga e vendas é um pouco complicado, visto que ela, desde quando atraiu a atenção da mídia e público com suas extravagâncias, se tornou também alvo de muitas especulações. Seu último disco, "ARTPOP", vendeu 258 mil cópias na sua semana de estreia só nos EUA, pouco menos que as vendas de Katy Perry com o álbum "Prism" (286 mil) e Miley Cyrus com o "Bangerz" (270 mil), mas alguém esperou mais do que deveria e teve isso como um mau desempenho. De fato, as vendas foram ruins em questão dos seus singles, até resultando na confusão que foi a escolha para a canção que sucederia "Applause" nas rádios, mas com a turnê "artRAVE" ela conseguiu virar esse jogo, com vários shows esgotados, ainda que, infelizmente, não seja essa uma das suas melhores performances em palco, visual e musicalmente falando. Os excessos a atrapalharam sim. No começo, tudo era muito novo e estavam todos amando aquela garota estranha e cheia das bizarrices, mas com o tempo deve ter ficado difícil até para ela impressionar, e aí começou aquele cenário inverso, onde se assustavam com ela vestindo um jeans ou vestidos comuns. Cadê as esquisitices? Bife? Ovo? Sua imagem também foi bem desgastada durante os trabalhos do álbum "Born This Way", indo desde as promessas que antecederam o disco à polêmica do plágio de "Express Yourself" da Madonna e o peso dramaticamente biográfico dos seus clipes. Em conjunto, tudo isso funcionou bem para torná-la entediante e seus fãs, tão cheios de discursos em relação a suas inovações e tudo mais, também contribuíram bastante para isso.
Em compensação, a cantora Beyoncé, mesmo tendo o nome envolvido na polêmica com Solange Knowles e o marido Jay-Z, continua sempre em alta. Por quê?
O grande trunfo da carreira de Beyoncé é sempre ter separado bem o seu nome entre o que é artístico e midiático. Não é de hoje que muitas artistas pop têm vendido seu nome mais como celebridades do que artistas em si (os namoros e casamentos de Britney Spears, as polêmicas de Lady Gaga, a agressão do Chris Brown à Rihanna e depois a volta pública do casal, etc) e ela, felizmente, trabalha para que esse não seja o seu caso. Com exceção da sua atual turnê, The Mrs. Carter Show, além do show conjunto com seu marido, o rapper Jay Z, Beyoncé sempre deixou a sua vida pessoal bem distante do que lança como música, tanto que emplacou um hit para as solteiras enquanto já estava muito bem casada (;Single Ladies;), então creio que seja esse um dos seus maiores acertos, artisticamente falando. O caso do vídeo com a briga entre Solange e Jay Z é, inclusive, um exemplo e tanto, visto que a cantora mal expressa qualquer reação durante a confusão e ainda sai sorrindo do elevador, pronta para deixar toda a poeira debaixo do tapete em frente aos paparazzis.
Duas perguntas para Karoline Discaciati, do Blog Comunicação
Em seu texto, você fala sobre a decadência da música pop. Para você, quais são os motivos que levaram alguns artistas do mundo pop entrarem em decadência?
Acredito que de uns tempos para cá, alguns artistas não se preocupam em fazer música pura e simplesmente, e isso não acontece apenas no mundo pop. O pop é um ritmo em que a preocupação com o show, figurino e coreografias diferenciados sempre existiu, mas o que vejo é que hoje, os artistas procuram aparecer cada vez mais, chamar atenção de forma exagerada para chocar o público, o que muitas vezes os levam ao ridículo. O grande problema é que a música em si fica prejudicada, com letras cada vez mais pobres, tratando sempre de temas como dinheiro, sexo e drogas de forma não tão interessante.
Para você, os artistas pop chegam a ter um prazo de validade?
Os artistas pop podem sim ter prazo de validade, mas não em todos os casos. Artistas que se apoiam em bases fracas, limitando-se a lançar sucessos efêmeros logo vão sair de foco se não derem conta de estar sempre chamando atenção de alguma maneira. Já artistas que se dedicam a fazer músicas com conteúdo podem até ter altos e baixos, mas conseguem dar conta de manter seu sucesso, como Michael Jackson por exemplo, que mesmo após a morte mantém seu título de Rei do Pop.
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