Diversão e Arte

Cineasta Sandra Nettelbeck fala com exclusividade sobre Mr. Morgan

A diretora é movida pela inspiração, tal qual a de ver Michael Caine no papel central "no raro privilégio" do seu filme, com o qual teve a sensação de que "tudo valeu a pena"

Ricardo Daehn
postado em 08/07/2014 08:10
Sandra Nettelbeck teve fama em Hollywood, mas é mais cosmopolita A cineasta alemã Sandra Nettelbeck tem a certeza de que ;precisa vir à América do Sul;. Aos 48 anos, a vontade vem não apenas do envolvimento com temas como a Copa do Mundo ; na qual diz chorar, a cada jogo, pelos perdedores e que tem dado um nó na cabeça dela, devido à torcida hesitante diante do jogo de hoje entre Brasil e Alemanha. Desbravadora de culturas e da comunicação (;sem a qual não somos nada;), pode, na América, vir a esbarrar num pretendente ;falante e que seja bem bacana;, um tipo sobre o qual escreve e que ainda não conheceu.

Assim é o Mr. Morgan, da sua mais recente produção em cartaz na cidade: O último amor de Mr. Morgan. Sandra é movida pela inspiração, tal qual a de ver Michael Caine no papel central ;no raro privilégio; do seu filme, com o qual teve a sensação de que ;tudo valeu a pena;. Em outra parceria com o produtor da trilha sonora Hans Zimmer (de O rei leão), ela deixa transparecer o grau de exigência. Quanto mais se sente ;abençoada pelas pessoas; com as quais trabalha, maior o empenho. Assim será com a comédia O que não nos mata, em torno da ;crise de meia- idade; em que Sandra se vê. ;Decidi voltar às minhas raízes num filme em que Berlim guardará certa fisionomia à la Robert Altman (Short Cuts);. Tudo longe dos ;trailers descomunais de Hollywood;, que lhe renderam fama por filmes como Simplesmente Marta e Sem reservas.



Você traz muita informação de gourmand em seus filmes. De onde vem isso?


Falo sobre o que conheço, como dizia Howard Hawks, além de me inspirar em fatos da vida ou no que li. Sempre me inspirei na minha família. Meus pais eram apaixonados por cozinha, e viajei por toda a Europa com eles. Aproveitamos refinados restaurantes. Na minha casa, as brigas eram do azeite de oliva contra a manteiga; minha mãe se derretendo pela cozinha italiana e meu pai, pelo que fosse francês. Para a minha mãe, tudo ganhava sentido com a família em torno da mesa e, na visão do meu pai, valia o prato perfeito e a disposição da arte do preparo. Tive pouca relação com Sem reservas: só entreguei o roteiro original do outro filme (o alemão Simplesmente Marta).

Nos seus filmes, você fala sobre herança. Qual a mais definitiva, na sua opinião?

Perdi meu pai muito cedo, há alguns anos, e acredito que as coisas mais valiosas a serem carregadas ao longo da vida são as memórias de amar e de ter sido amado. Isso fica consolidado quando vêm as lembranças do meu pai. Sinto tremenda falta dele. Mas fiquei com ele quando adoeceu e morreu e extraí o máximo do tempo que ainda tive com ele ; a pior coisa na vida seria lamentar: ter pesar pelo não feito.

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