postado em 13/07/2014 08:00
Dado Villa-Lobos não gosta de viver de passado, mas a trajetória em Brasília, onde a maior banda de rock nacional foi concebida, parece persegui-lo. Por aqui, tudo parece se relacionar com a Legião Urbana e com o músico, nascido na Bélgica, morador do Rio, mas ;um cara de Brasília;, como ele próprio atesta.
Enquanto conversava com o Correio, do alto de um hotel, reparou no novo Mané Garrincha (;onde prometemos nunca mais voltar;) e avistou o Parque da Cidade, ao longe: ;Ali era demais;. No que dependesse do artista, o papo seria voltado para os novos projetos, como a banda Panamericana (;que logo vai lançar disco;) ou sobre as trilhas de filmes que realiza e pelas quais coleciona prêmios.
;Em respeito aos fãs;, Dado abriu uma exceção e falou sobre Renato Russo, o imbróglio judicial em torno da banda e recordou o quanto foi feliz por aqui, quando ainda tinha ;todo o tempo do mundo;.
Além das memórias musicais, quais lembranças pessoais te marcaram por aqui?
São muitas. Os acampamentos eram eventos incríveis. Saíamos à noite, em uma Brasília, íamos à UnB, montávamos uma barraca, uma fogueira, para ouvir Talking Heads sem parar. A gente se drogava muito naquela época (risos). Era um caos, mas divertidíssimo. A Feira dos Estados, o Galpãozinho; A primeira vez que eu assisti ao Aborto Elétrico foi no Foods (lanchonete da Asa Sul). Aquele quatro por quatro na bateria, tudo sujo e naquele ano de 1980, era tipo; transformador. O Renato perdeu a palheta e eu entreguei a ele.
Mas essa não foi a primeira vez que o viu;
A primeira vez que eu vi o Renato, eu morava no Bloco B, na 213 Sul. Tinha 15 anos, estávamos sentados embaixo do bloco, sem ter o que fazer, vendo as meninas que passaram. Só que, em vez de meninas, eram quatro caras, com calças todas rasgadas, com aquele ;A; da anarquia. O cara foi lá e pichou ;AE; na parede do muro da garagem: ;Aborto Elétrico;. E, ali, eram o Geraldo (Ribeiro), o Lôro (Jones), o Fê (Lemos) e o Renato Russo.
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