Ricardo Daehn
postado em 15/07/2014 08:34
;Essa minha não ida ao Festival de Brasília é circunstancial. Acredito que o cinema brasileiro, aliás, não está numa boa fase. Não está muito interessado em arte, e sim em mercado. Cinema é arma de educação: chega a um lugar em que nenhuma outra arte vai;, comenta o experiente diretor Domingos Oliveira. Dono de uma estrada de 15 longas-metragens que incluem Todas as mulheres do mundo (premiado, na capital, até com o Candango de melhor filme, nos anos 1960), Domingos Oliveira tal qual o cinema tem rumo definido: ;Vou (com meus filmes) aonde me aceitam;.
Selecionado tanto para o festival de Paulínia (SP) quanto para o mais tradicional, em Gramado (RS), com o longa Infância, Domingos afirma: ;Um bom filme tem seu público e lugar em um bom festival;. Ao lado do filme Sinfonia da necrópole, de Juliana Rojas (igualmente selecionado para as duas mostras competitivas), Infância deixa no ar os mistérios em torno das seleções dos festivais: com 70 longas inscritos, o 6; Paulínia Film Festival elege justo elementos de interseção (e vice-versa) no quadro dos concorrentes ao 42; Festival de Cinema de Gramado, ambos com a curadoria de Rubens Ewald Filho.
Com suspense de selecionados mantido até o fim do mês, o 47; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro segue no esforço para perpetuar o prestígio, em edição mais enxuta. Bem mais próximos da realização, Paulínia e Gramado deixam entrever, pela ordem, seus atrativos: nove longas inéditos, R$ 800 mil em prêmios e entrada franca, em São Paulo e, no Sul, R$ 275 mil em prêmios (fato inédito), disputa fortalecida pela participação de filmes latino-americanos, além de produções com carga mais politizada.
Um polo de produções
Depois de uma retomada tímida, em dezembro, o Festival de Paulínia volta, com vigor, entre 22 a 27 de julho, no Theatro Municipal Paulo Gracindo. Encadeado com o polo de cinema da região, o festival deposita fichas em figuras consagradas como Murilo Salles (com o documentário Aprendi a jogar com você, em torno de persistentes músicos de periferia) e Jorge Furtado, que teve o conto Frontal com fanta adaptado por Carolina Jabor, em Boa sorte. A fita trata do descompasso entre tempo de vida e intensidade do amor, a partir de personagens complementares. Na disputa paulista pelos R$ 300 mil (reservados ao melhor filme) entram velhos conhecidos de outras edições do Festival de Brasília: o pernambucano Camilo Cavalcante (com tripla história de amor e fatalismo, em A história da eternidade) e Lírio Ferreira, cineasta de Baile perfumado (1997).
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .