Diversão e Arte

Escritora Nadine Gordimer contribuiu com a denuncia contra o apartheid

Autora de 15 livros, a sul-africana morreu nesta segunda-feira (14/7) em Joannesburgo, aos 90 anos

Nahima Maciel
postado em 15/07/2014 08:42
A escritora sul-africana Nadine Gordimer ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1991: denúncia contra o apartheid e participação na Flip em 2007
A escritora sul-africana Nadine Gordimer costumava dizer que um conto precisa queimar um buraco na página de papel. Era uma maneira de sugerir que um bom conto, de tão intenso e concentrado, incendiaria a folha na qual estava impresso. É uma boa metáfora para descrever a literatura da autora, que morreu nesta segunda-feira (14/7) em Joannesburgo, aos 90 anos. Premiada com o Nobel de Literatura em 1991, Gordimer foi celebrada como a cronista do apartheid em seu país natal. Filha de imigrantes judeus da Europa Oriental, ela nasceu em 1923, na província rural de Transvaal, e escreveu mais 15 livros ; entre romances, contos, ensaios e textos de crítica literária ;, dos quais sete foram publicados no Brasil.

Destemida, objetiva e sempre com muita lucidez, a escritora se debruçou sobre a tarefa de expor, em forma de ficção, uma sociedade partida pela segregação entre 1948 e 1994. A África do Sul pós-apartheid também foi alvo das histórias de Gordimer, que sempre manteve um olhar muito crítico para as consequências do regime antes de sua imposição e depois de sua extinção. A escritora estreou na ficção em 1953 com The lying days, um romance em primeira pessoa que é, na verdade, a autobiografia da personagem Helen, uma moça de família protestante criada por pais perfeitamente encaixados no regime. Ao longo da narrativa, Helen descreve um país no qual brancos e negros têm papéis definidos por uma política violenta e, ao mesmo tempo, conveniente.



A partir desse primeiro romance, o tema de Gordimer seria sempre o mesmo: seres humanos enclausurados em uma sociedade na qual a diferença racial definia quem devia sobreviver e quem devia viver. A injustiça e a crueldade da política de segregação não foram a primeira escolha da autora, que começou a escrever aos 15 anos. No entanto, ela costumava explicar que era impossível ficar indiferente à organização social sul-africana e não erguer a palavra contra a repressão. Curiosamente, segundo apontam os biógrafos, Gordimer não cresceu em uma casa na qual o questionamento político fosse algo corriqueiro. Ao contrário, tinha uma mãe rígida e controladora e uma situação familiar marcada pela clara infelicidade no casamento dos pais.

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