Nahima Maciel
postado em 16/07/2014 08:21
A segunda parte do IV Festival de Ópera de Brasília tem início na sexta-feira com um concerto que procura homenagear um dos nomes mais revolucionários da música da primeira metade do século 20. Para celebrar os 150 anos do nascimento do alemão Richard Strauss, o maestro Claudio Cohen, diretor do festival, fez uma seleção de peças que representam vários momentos da trajetória do compositor. A intenção inicial era encenar Salomé com cenários e figurinos. Ópera crucial do repertório straussiano, a história bíblica da princesa que exige a cabeça de João Batista em uma bandeja de prata acabou reduzida a uma versão de concerto. Com o Teatro Nacional fechado, o festival migrou para o Teatro Pedro Calmon, que não dispõe de fosso nem de estrutura para uma montagem completa. Por isso, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e os cantores vão fazer apenas a cena final da ópera.Inspirada na peça homônima de Oscar Wilde, Salomé tem uma mescla de harmonias e melodias que traduzem as experiências sonoras de Strauss. ;E como não é encenada, fica a dramaticidade do texto, que é muito forte;, avisa o maestro Claudio Cohen. Apenas quatro árias da ópera entraram para o repertório do festival, que terá ainda As quatro últimas canções ; Opus Póstumo, com letra do escritor Herman Hesse, e o poema sinfônico Till Eulenspiegel Lustige Streiche Op.28. Esse último é uma peça programática que trata de ilustrar o personagem Till Eulenspiegel, figura comum nos contos medievais alemães e espécie de bobo da corte.
No palco, um elenco formado pelos brasileiros Angela Diel, Tati Helene, Marcello Ferreira, Jeanette Dornelles, Jean Nardotto e a bósnia Vedrana Simic deverá dar conta das particularidades da música de Strauss. ;Ele é um músico revolucionário nas harmonias e nas orquestrações, usa novos elementos, faz experiências, usa instrumentos que não se usavam na época, como o oboé grave;, explica Cohen. Segundo ele, a dificuldade técnica de executar as obras do compositor alemão é responsável por sua ausência nos repertórios brasileiros. ;A peças dele exigem orquestras imensas e, tecnicamente, a música é muito difícil. Não é uma linguagem tão tradicional e algumas coisas são muito herméticas;, diz Cohen. No entanto, Strauss esteve bastante presente este ano em repertórios da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB).
A segunda parte do programa do festival tem um pouco do que há de mais reproduzido no mundo da ópera. Uma atenção especial para o austríaco Richard Wagner, que chegou a ouvir as composições do jovem Strauss e não hesitou em cobri-lo de elogios. Trechos de Lohengrin, Tanhauser e Tristão e Isolda , as óperas mais conhecidas de Wagner, fazem parte do repertório, que tem ainda os tradicionais Verdi, Puccini e Rossini.
IV Festival de Ópera de Brasília
Sexta e sábado, às 20h, no Teatro Pedro Calmon (Setor Militar Urbano). Entrada Franca: ingressos serão distribuídos de acordo com a ordem de chegada