postado em 17/07/2014 18:38
No vídeo, uma competição de dança. Entre os jurados, estão Davi Sabbag, Candy Mel e Mateus Carrilho, da Banda Uó. No palco, Naná Rizinni. A performance divertida da cantora é um convite para quem quer conhecer o seu trabalho, que mescla letras irônicas e despretensiosas com ritmos dançantes e diversos.
A artista cita como referências Madonna, Peaches, Lady Gaga e Cibelle, mas admite que os músicos com quem trabalha também influenciam no seu som. Atualmente, Naná atua como baterista nas bandas da cantora Tiê e de Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy), mas já acompanhou nomes como Thiago Pethit, Edgard Scandurra, Guilherme Arantes, Karina Buhr, Filipe Catto e o duo belga Vive La Fête.
Três anos depois de lançar o seu disco de estreia, I said (2011), a cantora volta com um álbum empolgante e bem produzido, que passou pelas mãos de Adriano Cintra (produtor) e de Steve Albini (engenheiro de som), lendário produtor do In utero, do Nirvana, além de títulos de The Breeders, Iggy Pop e The Pixies. Em entrevista ao Correio, Naná fala sobre a sua relação com a música, o novo clipe, como foi trabalhar com Adriano Cintra e Steve Albini, e muito mais.
Entrevista // Naná Rizinni
Como a música entrou na sua vida?
Eu comecei a tocar por causa do meu pai. Ele gostava muito de samba e era percussionista, apesar de não tocar profissionalmente. Então eu brincava com o pandeiro quando era pequena e também tive banda com os amigos na adolescência. Mais tarde, fui para Londres estudar bateria na escola de música Drum-Tech, e depois voltei para fazer faculdade de música em São Paulo. Falam que eu sou multi-instrumentista, mas eu não me considero uma. Entendo de piano, violão e guitarra o suficiente para compor, mas o meu negócio é a bateria. Já toquei com Thiago Pethit, Edgard Scandurra, Guilherme Arantes, Karina Buhr, e hoje faço parte das bandas da Tiê e do Adriano Cintra.
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O que te inspirou a começar um trabalho solo?
Em 2008, eu resolvi fazer um EP com músicas instrumentais para servir como um cartão de visita, mostrar o meu trabalho para outros músicos. Aí o produtor Rique Azevedo sugeriu que eu gravasse as vozes, dizendo que discos instrumentais às vezes são cansativos, e eu acabei topando. Eu tinha o costume de compor músicas, mas as letras eram só uma brincadeira, nunca tinha levado elas muito a sério. Quando fui compor para o disco, comecei a pensar no conceito, a pesquisar, a estudar. Mas, ao mesmo tempo, eu não gosto de me levar muito a sério. Acho que quando a gente quer dizer muita coisa, acaba não dizendo nada. Às vezes, uma coisa informal pode dar mais certo.
O que você tinha em mente para o novo disco? Por que chamar o Adriano Cintra (ex-CSS) para produzir?
Eu comecei a pensar nesse disco no final de 2012, um ano depois de lançar o I said (2011). A única vontade que eu tinha antes de começar a gravar era fazer uma coisa mais orgânica -- ao contrário do primeiro disco, que era mais eletrônico -- fazer um álbum com cara de show de rock. Levei a ideia para o Adriano e começamos a pensar juntos. Sempre fui super fã dele. Acompanhei todos os seus trabalhos: Ultrasom, Caxabaxa, Cansei de Ser Sexy, Madrid; Nos conhecemos em 2009 e nos tornamos grandes amigos. Achei que ele era a pessoa mais indicada para o disco e com as melhores referências musicais. Além de gostar e entender de todos os gêneros, ele é despretensioso, e eu gosto disso.
Como foi trabalhar com Steve Albini? Como isso aconteceu?
O Albini veio na etapa final. Quando acabamos a pré-produção do disco, começamos a pensar em qual estúdio gravaríamos e a pesquisar a sonoridade que queríamos. Decidimos fazer algo com a sonoridade do álbum In utero, do Nirvana, que foi produzido pelo Albini. Fomos atrás dele de brincadeira e foi uma grande surpresa ele topar trabalhar como engenheiro de som do disco. Ele conseguiu trazer a estética sonora orgânica que estávamos buscando. Também foi ideia dele gravar de forma analógica, algo que eu nunca tinha feito.
Na sua opinião, trabalhar com músicos com quem você costuma tocar, como o Adriano Cintra e a Tiê, influencia na sua música?
A gente acaba sendo influenciado, ainda mais quando são parcerias tão longas, como a com a Tiê, que começou em 2007. Mesmo que os nossos sons não tenham muito a ver -- ela faz uma coisa mais folk, MPB, e eu faço um rock mais acelerado, para pista de dança -- eu trago o que eu gosto do trabalho dela para a minha música. Nós compomos juntas, eu gosto do jeito que ela compõe. Isso é legal. Apesar das diferenças, tudo acrescenta.
Como surgiu a ideia para o clipe de Me deixa dançar? Como aconteceu a participação da Banda Uó?
Me deixa dançar tem uma certa rebeldia. É como se ela dissesse ;eu estou me divertindo, me deixa em paz;, que pode ser usado em vários sentidos. Eu comecei a fazer uma pesquisa de clipes dos anos 1960, com gogo girls, meninas dançado de minissaias em cima de balcões, e encontrei um vídeo de uma competição de dança que eu gostei muito. Então decidimos fazer algo a partir dessa ideia, chamar os amigos, exagerar nos figurinos. Eu conheço a Banda Uó há algum tempo. Sou super fã e já toquei uma vez com eles em um show acústico que eles fizeram. A partir daí ficamos amigos.
Como tem sido os shows do disco? Quais são os planos para o futuro?
O meu show tem tudo a ver com o clipe de Me deixa dançar: eu danço bastante! Sempre faço música pensando em como ela vai soar ao vivo. Eu quero dançar, pular. É uma banda que toca rock e toca alto! Sempre temos projetos para o futuro. A gente vive de inventar moda (risos). Quero fazer shows, tocar mais em SP, nos outros estados, fazer clipes e divulgar o disco!