Em novembro do ano passado, o Brasil perdeu Delcio Carvalho (1939-2013). O cantor e compositor fluminense não resistiu às complicações de um câncer gástrico e partiu sem ver lançado o último álbum, Lado D, com 12 músicas em parceria com Dona Ivone Lara. A ideia do disco nasceu há algum tempo, durante as conversas de botequim entre Delcio e Afonso Machado, amigo de longa data e produtor e diretor musical do CD.
Um dia, o projeto saiu do papel. Sem patrocínio, com poucos recursos e fazendo quimioterapia, o músico driblou as limitações físicas e financeiras para registrar, à sua maneira, Nasci pra sonhar e cantar, Doces recordações e Ainda baila no ar, entre outras composições. O repertório do CD ; ;batizado; por Mariozinho Lago ; é composto por músicas gravadas por outros intérpretes, mas que poucas pessoas ouviram e ;ficaram escondidas no lado B;.
;Delcio deu tudo de si nesse trabalho. Ele, que costumava gravar as músicas de primeira, precisou regravar algumas, pois estava sem voz. A cantora Thania Machado o ajudou nesse processo. Os músicos da banda fizeram as bases com o maior carinho. E o Afonso, além de assinar a direção e a produção, tocou bandolim e fez arranjos. Delcio estava cercado de amigos;, conta a produtora executiva Bertha Nutels.
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Confira a discografia comentada do sambista
Canto de um povo (1979)
O primeiro disco solo do artista é uma obra-prima e tem no repertório uma das canções mais bonitas da carreira: Alvorecer, feita em parceira com Dona Ivone Lara. Ausência, composta com Barbosa da Silva e Noca da Portela, abre o LP com 12 faixas.
Afinal (1996)
Com produção musical do inseparável amigo Afonso Machado, o disco tem a participação especial do saxofonista Raul Mascarenhas. Destaque para a faixa-título, parceria com Ivor Lancellotti, e Coisas da Mangueira com Cláudio Jorge.
A lua e o conhaque (2000)
Sempre bem acompanhado, Delcio tem, neste trabalho, composições com Mário Lago Filho (Chorei), Ivor Lancellotti (Clarão e Quando essa paixão me dominar), Elton Medeiros (Lá fora) e Noca da Portela (Vendaval da vida). Destaque para a participação do mestre Sivuca em Sem pressa de chegar.
Profissão compositor (2006)
Outro trabalho primoroso de Delcio Carvalho. Na época de lançamento, ganhou destaque por trazer 14 músicas inéditas. Entre elas estão Brasil nas veias (com Paulo César Feital); Vou sair daqui (com Wilson das Neves) e Religião (com Zé Keti).
Inédito e eterno ; Roda de samba (2007)
O álbum faz parte de um projeto com três CDs que mostram a produção do cantor e compositor fluminense ; na maior parte, inéditas. As três edições tem direção musical e arranjos de Paulão 7 Cordas.
Inédito e eterno ; Encontros musicais (2007)
É um disco de samba que flerta com outros gêneros, como a valsa e o choro. Neste exemplar, o público confere parceiras com Roque Ferreira, Rubem Confeti, Capiba e Cacaso, entre outros.
Inédito e eterno ; Acústico (2007)
Como o título diz, o CD apresenta faixas "desamplificadas". No set list: Manchetes de jornal, Longa estrada e Samba mulato, entre outras. Em Rua do sonho esquecido, Delcio divide os vocais com Cristina Buarque.
Lado D de Delcio Carvalho (2014)
Último registro do artista que contabiliza 55 anos de carreira. Todas as composições de Delcio são em parceira com Dona Ivone Lara. Nunca mais, Há música no ar e Canto do meu viver são algumas músicas do repertório.
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