Diversão e Arte

Escritoras participam da conferência de abertura do Festival Latinidades

Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane vão debater sobre a valorização da tradição oral

Adriana Izel
postado em 23/07/2014 08:24
A escritora moçambicana Paulina Chiziane fala sobre a identidade africana e as religiões mundiais
As escritoras Ana Maria Gonçalves (BA) e Paulina Chiziane (Moçambique) participam nesta quarta-feira (23/7), às 16h, da conferência de abertura Diálogos Afro-Atlânticos. Autora do emblemático Um defeito de cor, Ana Maria abordará a questão da construção da identidade da mulher negra e os estereótipos que elas enfrentam. ;Muitas vezes, as negras não são consideradas boas mulheres para casar, e, sim, para transar. Elas têm direito ao amor e a serem amadas, tanto por homens brancos quanto por homens negros;, diz. ;Outro preconceito que elas enfrentam é a imagem da mulher imbatível. Todas têm o direito de chorar e de ficar tristes. A desconstrução dessas representações é uma questão importante para deixar a vida delas mais leve e plena, além da melhora da autoestima individual. Porém, é importante lembrar: esses estereótipos são um problema de toda a sociedade;, completa Ana Maria.

Confira a programação completa do Festival Latinidades

Autora de Ventos do apocalipse (1995) e O sétimo juramento (1999), Paulina Chiziane é a primeira mulher moçambicana a escrever um romance (Balada de amor ao vento foi lançado em 1990). Sobre o título, Paulina adverte: ;Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo que sou contadora de estórias, e não romancista. Escrevo livros com muitas hitórias, histórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte;, destaca a escritora.



A observação de Paulina está na orelha da edição portuguesa de seu mais recente livro, Niketche, uma história de poligamia (2004), que mostra a trajetória de uma mulher moçambicana ao descobrir que o marido é polígamo. O susto e a surpresa ao saber que existem outras esposas e filhos é seguido por uma decisão surpreendente: a protagonista decide ir atrás das outras famílias e parte para uma incursão pelo desconhecido e pelas diferenças culturais. Em Brasília, Paulina abordará a identidade africana e as religiões mundiais.

Outros temas

Atenta aos casos de racismo na literatura, a mineira, radicada em Salvador, Ana Maria Gonçalves já se manifestou sobre em episódios em que vários escritores preferiram a omissão. Sobre Caçadas de Pedrinho e Monteiro Lobato, Ana Maria relembrou as origens eugenistas e racistas do pai de Emília. No carnaval de 2011, a escritora publicou a Carta aberta ao Ziraldo, em que critica o cartunista pelo desenho na camisetas do bloco carnavalesco carioca Que merda é essa?, que estampava Monteiro Lobato abraçado a uma mulher negra de biquíni. ;Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos (;);, escreveu Ana Maria.

Confira dicas de filmes e livros sobre a temática negra

A cor púrpura

Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane vão debater sobre a valorização da tradição oral
Baseado no livro homônimo de Alice Walker, o filme mostra a trajetória de Celie, uma jovem que violentada pelo pai e torna-se mãe de duas crianças. Após um casamento forçado com um homem violento, ela é separada da irmã, a única pessoa no mundo que a ama. O tempo passa, novas pessoas aparecem no vida de Celie, ajudando-a a mostrar toda sua força e qualidades. Considerado o melhor filme de Steven Spielberg, a produção recebeu 11 indicações ao Oscar.

O mordomo da Casa Branca

Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane vão debater sobre a valorização da tradição oral
O filme de Lee Daniels (o mesmo diretor de Preciosa - Uma História de Esperança) mostra a história de Eugene, um homem que tem a vida trabsformada quando tem a chance de trabalhar como mordomo da Casa Branca. Contudo, as exigências do trabalho causam atritos com a esposa e com o filho mais velho, que não aceita a passividade do pai diante dos maus tratos recebidos pelos negros nos Estados Unidos.

12 anos de escravidão

Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane vão debater sobre a valorização da tradição oral
Entrou na história por ser o primeiro longa dirigido por um negro premiado com o Oscar de melhor filme.
A trama se passa em meados do século 19, nos Estados Unidos. Baseado em uma história real,o longa mostra a história de um escravo liberto que, um dia, é sequestrado e vendido como se fosse um escravo. Por 12 anos, ele sofre humilhações físicas e emocionais para sobreviver.

Longa caminhada até a liberdade

Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane vão debater sobre a valorização da tradição oral
Autobiografia de Nelson Mandela tem prefácio e posfácio de Fernando Henrique Cardoso. É a obra mais completa sobre o líder sul-africano.

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