postado em 26/07/2014 13:00
Artistas do calibre de Stanley Kubrick têm mentes brilhantes e dinâmicas para imaginar o mundo em movimento e compreender não apenas de onde ele vem, mas para onde ele vai. Sua morte, causada por um ataque cardíaco em 1999, implicou em uma limitação sensível às nossas expectativas estéticas e possibilidades de compreensão do mundo. Metódico, obsessivo, perfeccionista e compulsivo - como é comum aos gênios - Kubrick congregou poesia, filosofia, arte e denúncia em seu cinema. Hoje, no dia em que se comemora seu nascimento, o Correio Braziliense presta homenagem e relembra a vida e a obra do cineasta nova iorquino.
Stanley foi produto característico da intelligentsia judia do leste dos Estados Unidos. Filho de uma família austro-húngara, nasceu no Bronx, em Nova Iorque, em 26 de Julho de 1928. Aos 13 anos, ganhou do pai, o médico Jacques Kubrick, a primeira câmera fotográfica Graflex. Aos 17, era um estudante medíocre, com notas baixíssimas que não lhe garantiam ingresso em nenhuma universidade. Era, no entanto, fascinado pela fotografia, pelo jazz e pelo xadrez - três elementos que carimbariam sua narrativa cinematográfica. Do xadrez, veio o rigor matemático dos enredos, a visão da vida como um trajeto a ser percorrido evitando o erro fatal e o gosto pela especulação abstrata. Da fotografia, o senso de enquadramento, o interesse pela plástica, a simetria do quadro perfeito. Do jazz, o detectável ritmo vivaz de suas produções.
Stanley foi produto característico da intelligentsia judia do leste dos Estados Unidos. Filho de uma família austro-húngara, nasceu no Bronx, em Nova Iorque, em 26 de Julho de 1928. Aos 13 anos, ganhou do pai, o médico Jacques Kubrick, a primeira câmera fotográfica Graflex. Aos 17, era um estudante medíocre, com notas baixíssimas que não lhe garantiam ingresso em nenhuma universidade. Era, no entanto, fascinado pela fotografia, pelo jazz e pelo xadrez - três elementos que carimbariam sua narrativa cinematográfica. Do xadrez, veio o rigor matemático dos enredos, a visão da vida como um trajeto a ser percorrido evitando o erro fatal e o gosto pela especulação abstrata. Da fotografia, o senso de enquadramento, o interesse pela plástica, a simetria do quadro perfeito. Do jazz, o detectável ritmo vivaz de suas produções.
Prodígio, perambulava pelas ruas de Nova Iorque dando cliques e revelando o material no estúdio de um amigo. Não demorou para que a Look Magazine reconhecesse seu talento e o efetivasse na empresa. Quatro anos mais tarde, abandonou o trabalho de repórter fotográfico para rodar o primeiro filme The day of the fight (1951), financiado pelo próprio pai que penhorou a casa em que moravam. Flying padre (1952) e The seafarers (1953) foram dois experimentos subsequentes, documentários curta-metragens renegados pelo diretor e indisponíveis para distribuição atualmente.
O primeiro longa-metragem, Fear and Desire (1953) obteve boa aceitação da crítica, porém Kubrick considerou o trabalho amadorístico e tratou de limá-lo. Até hoje o filme permanece fora de catálogo. Logo após, em 1955, realizaria outro longa: A morte passou perto (Killer;sKiss). É também um filme pouco divulgado e de difícil aquisição. Só a partir de O grande golpe (The Killing, 1956) sua carreira começaria a despontar.
O primeiro longa-metragem, Fear and Desire (1953) obteve boa aceitação da crítica, porém Kubrick considerou o trabalho amadorístico e tratou de limá-lo. Até hoje o filme permanece fora de catálogo. Logo após, em 1955, realizaria outro longa: A morte passou perto (Killer;sKiss). É também um filme pouco divulgado e de difícil aquisição. Só a partir de O grande golpe (The Killing, 1956) sua carreira começaria a despontar.
Senhor absoluto de seu meio de expressão, Kubrick produziu pouco: apenas 13 longas em meio século de atividade. O suficiente para dar ao cinema uma dúzia de obras-primas. Reconhecido pelo escrupuloso cuidado ao escolher seus temas, pelo método vagaroso de trabalho e pela variedade de gêneros, seu cinema é interligado por uma refinada coesão estética e filosófica. Esta coerência serve de interstício para obras aparentemente díspares como 2001, O Iluminado, Lolita, Laranja mecânica, Barry lyndon, Nascido para matar. Todas vibram em tensões de forças antagônicas do Universo: a razão e o instinto, a arte e a ciência, o amor e a morte; entre poderes maniqueístas do bem e do mal que lutam constantemente entre si pelo controle.
Também retratou a bancarrota moral das instituições mais bem calcadas da sociedade americana da segunda metade do século 20: a família (Lolita, Laranja Mecânica), o estado (Dr. Fantástico), o exército (Nascido para Matar, Spartacus, Glória feita de sangue), o casamento (De olhos bem fechados), a Ciência (2001: Uma Odisseia no Espaço) e, acima de tudo, a natureza humana não escapou à crítica contumaz do velho judeu do Bronx (Barry Lyndon, Laranja Mecânica, O Iluminado).
Avesso a comentar o próprio trabalho, Kubrick o descrevia apenas ;como uma experiência não verbal;. As muitas recusas vinham do desejo de preservar uma parte de mistério e indeterminação das produções. ;Não penso em discutir interpretações, nem oferecer outras possibilidades interpretativas. Sempre me pareceu que a melhor forma de compreender um filme é deixar que a película fale por si; rebateu ao crítico de cinema americano Tony Macklin, durante entrevista em 1968.
Se os defeitos são virtudes elevadas à potência máxima, Kubrick era consumido por um preciosismo absurdo em relação a cada aspecto de seu trabalho, o que obrigava os atores a atuarem repetidamente até a exaustão. Conta-se que fez a atriz Shelley Duvall repetir a mesma cena 127 vezes durante as gravações de O Iluminado. Por essas e outras, foi um diretor que despertou sentimentos controversos por parte das equipes que trabalhavam nos sets de filmagem.
Se os defeitos são virtudes elevadas à potência máxima, Kubrick era consumido por um preciosismo absurdo em relação a cada aspecto de seu trabalho, o que obrigava os atores a atuarem repetidamente até a exaustão. Conta-se que fez a atriz Shelley Duvall repetir a mesma cena 127 vezes durante as gravações de O Iluminado. Por essas e outras, foi um diretor que despertou sentimentos controversos por parte das equipes que trabalhavam nos sets de filmagem.
Filmografia:
1951 ; Day of Fight
1952 ; Flying Padre
1953 ; Medo e Desejo (Fear and Desire)
1955 ; A morte passou perto (Killers Kiss)
1956 ; O grande golpe (The Killing)
1957 ; Glória feita de sangue (Paths of Glory)
1960 - Spartacus
1962 - Lolita
1964 ; Dr. Fantástico (Dr. Strangelove: or How I learned to stop worrying and love the bomb)
1968 ; 2001: Uma odisséia no Espaço (2001: A space Odyssey)
1971 ;Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)
1975 ;Barry Lyndon
1980 ; O Iluminado (The Shinning)
1987 ; Nascido para Matar ( Full Metal Jacket)
1999 ; De olhos bem fechados ( Eyes Wide Shut)