Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Tempo frio, mas competição quente no festival de Paulínia

A frente fria que atingiu o interior do estado de São Paulo não esfriou a mostra competitiva de filmes nacionais



Os atritos sociais do Brasil contemporâneo foram melhor analisados no primeiro longa-metragem de Fellipe Barbosa, Casa grande. A película acompanha a trajetória de um garoto da zona sul do Rio de Janeiro, Jean (Thales Cavalcanti) durante um período de falência do orçamento familiar. O filme tece uma crítica direta a uma espécie de desconexão da classe média tradicional aos novos arranjos sociais brasileiros em especial à ascenção econômica da chamada classe C.

As cotas raciais em universidades e concursos públicos fazem parte das discussões à mesa da família de quatro membros ;chefiada; pelo patriarca Hugo (Marcelo Novaes) e pela esposa Sônia (Suzana Pires) . A ironia produzida em tom quase caricato, esquadrinha velhos valores burgueses.

A urbanidade do Rio de Janeiro foi deixada de lado no segundo longa-metragem da noite, Sangue azul. O novo longa do pernambucano Lírio Ferreira (Baile perfumado e o Homem que engarrafava nuvens) insere uma trupe de circo em Fernando de Noronha, ilha do litoral de Pernambuco (a meio caminho entre o Brasil e a África). Um dos membros do grupo mambembe, o homem-bala feito pelo ator Daniel Oliveira é originário da ilha e está voltando para casa, para reencontrar a mãe (Sandra Corveloni) e irmã (Caroline Abras) e as paisagens de infância.

A fita reúne participações de Paulo César Pereio e do cineasta Ruy Guerra atuando como um velho pescador da ilha e uma espécie de guardião de uma lenda local. A última noite de mostra competitiva no sábado (26/7) também exibirá novos filmes do cinema de Pernambuco, A história da eternidade, de Camilo Cavalcante seguido da exibição de Infância, novo longa do veterano cineasta, Domingos de Oliveira. Os vencedores desta edição serão revelados no domingo à noite.