postado em 28/07/2014 08:36
O verão suave que a Irlanda vive agora, semelhante ao inverno tênue do cerrado, recebe a belíssima exposição do carioca Hélio Oiticica. A mostra ocorre no famoso Irish Museun of Modern Art (IMMA) em Dublin. Ocupando oito salas do espaço, a retrospectiva engloba instalações, pinturas, esculturas e os famosos parangolés. Vai até o dia 5 de outubro de 2014.
O Parangolé é uma obra artística criada por Oiticica nos anos 1960, a partir de experiências com música, dança e artes visuais com integrantes da escola de samba Mangueira. Formado por camadas de panos coloridos, que são estandartes, capas, bandeiras e tendas, o parangolé revela estruturas em movimento, isto é, quando aquele que o usa ou carrega está dançando. Foi nessa época, década de 1960 ; período do concretismo, quando novos artistas procuravam novos caminhos reivindicando que a arte não era um mero objeto, mas que tinha sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro ; que Hélio Coiticica nasceu como artista.
Bené Fonteles, artista plástico e curador de algumas das obras de Hélio, fala da importância do artista: ;Em 1960, Oiticica sobe o morro da mangueira e desce cheio de inspiração. Assim como Torquato Neto, ele queria toda ginga do morro. Depois disso, ele constrói uma roupa revolucionária, chamada ;marginalidade dúbia; origem da sua famosa frase: Seja marginal, seja herói;. O curador lembra que infelizmente, ele foi mais reconhecido quando morreu, embora seja fundamental para arte contemporânea, totalmente sincronizado com a arte internacional, um precursor reconhecido.
A Embaixada do Brasil em Dublin apoia o evento e programou debates sobre o trabalho de Hélio Oiticica. Também está programada a exibição de um documentário feito pelo curador da mostra, Cesar Oiticica Filho, sobrinho de Hélio. O filme, Hélio Oiticica, ganhou o prêmio de melhor documentário do Festival de Cinema do Rio, em 2012.