Diversão e Arte

Convidado da Flip, Joël Dicker se destaca com livro de suspense policial

"A verdade sobre o caso Harry Quebert" foi lançado em 32 países e é considerado "o melhor livro do ano"

postado em 31/07/2014 08:26

Depois de levar dois anos e meio escrevendo as 565 páginas do best-seller A verdade sobre o caso Harry Quebert, o suíço Jo;l Dicker fica boquiaberto toda vez que algum leitor confessa ter devorado a obra de suspense em dois dias. Uma das atrações da Flip desta quinta-feira, este badalado escritor de 28 anos ; com o livro publicado em 32 países ; solta uma risada de surpresa quando descobre que o nome dele havia sido o primeiro divulgado na programação. E já tem afiado o discurso para debater o provável preconceito da áurea intelectual que recai sobre o litoral fluminense durante o evento: ;Só o tempo e os leitores podem dizer o que é literatura;.

O livro de Dicker, novela policial construída a partir de reviravoltas, ritmo de thriller e cortes cinematográficos, caiu no gosto de críticos difíceis de agradar. O Le Monde disse que é ;um fenômeno mundial;. Segundo o Corriere de La Sierra, depois de Harry..., ;a literatura contemporânea nunca mais será a mesma;. Para o Guardian, é ;fenomenal; e de acordo com o El País, ;o melhor livro do ano;. Enquanto isso, fazia Cinquenta tons de cinza (E.L. James) e Inferno (Dan Brown) comer poeira nas livrarias.


Com forte aposta no jogo metalinguístico, o livro conta a história de um jovem escritor, Marcus Goldman. Pressionado para escrever um novo papa-prateleiras, ele se empenha nas investigações para absolver seu amigo e professor de literatura: o Harry do título é acusado da morte de uma jovem de 15 anos, Nola, com quem tivera relação secreta nos anos 1970, na cidadezinha de Aurora, costa leste dos Estados Unidos.

Receita

A descoberta do corpo da adolescente no quintal de Harry revira os pudores dos moradores da cidade, detona a ação e inspira a criação do próximo livro de Marcus. Entre as pistas, surgem lições de mestre para aluno, sobre como criar uma obra bem-sucedida. ;Se eu soubesse essa receita, juro que repetiria no próximo livro;, diverte-se Dicker. A verdade sobre o caso Harry Quebert é a sexta tentativa dele no mercado editorial ; quatro livros não foram publicados, e Les derniers jours de nos p;res (Os últimos dias de nossos pais) deve ser lançado em português, embora não tenha feito sucesso.

Três perguntas para Jo;l Dicker

A que você atribui a recusa de seus livros anteriores e o sucesso de Harry Quebert?

Não sei dizer exatamente, porque o sucesso de um livro não é algo que podemos controlar. Quando reli o manuscrito de Harry Quebert, achei uma bobagem, algo que ninguém fosse gostar de ler. Mas acontece algo entre as palavras e os leitores, essa é a magia da literatura.

Você é bastante ativo no Twitter e mantém contato constante com leitores. Isso impacta seu modo de trabalhar?

Sou ainda muito jovem e por enquanto sou só um cara que teve sorte com um livro. Tenho muito o que fazer, muito a melhorar, estou no primeiro estágio da carreira e tenho que trabalhar duro para escrever novos livros. É por isso que estou sempre muito interessado em críticas ; boas e ruins.

Paraty não tem exatamente tradição com best-sellers. Acha surpreendente que seu nome tenha sido o primeiro a ser divulgado?

O Brasil é o primeiro mercado que visito onde o número de leitores cresce. Na Europa, essa discussão entre alta literatura e literatura de mercado é algo que divide as pessoas, mas literatura para mim é tudo o que você puder fazer com os livros de maneira a conectar as pessoas. É muito difícil dizer que isso é mais literatura do que aquilo, quem toma essa decisão são os leitores. E o tempo.

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