postado em 02/08/2014 11:51
No palco, dois homens completamente despidos debatem a relação entre eles. Estão em um apartamento trancado. No decorrer do espetáculo, praticamente não se vestem. Choram, transam, conversam. Na plateia, uma moça grávida se indigna. Levanta-se e se dirige à bilheteria. Por lá, apronta um alarido acerca da permissividade dos artistas. Pede a restituição do valor da entrada.O episódio aconteceu em 2008, por conta da peça Virilhas. Quem o recorda é o diretor e dramaturgo brasiliense Alexandre Ribondi, que responde pela montagem. Há oito anos, Virilhas vem sendo encenada em palcos do país com diferentes atores (homens e mulheres). O comportamento da espectadora foi um evento isolado. Nada parecido voltou a acontecer. ;Não acredito que a reação dela seja representativa;, opinou o diretor.
No primeiro semestre deste ano, Virilhas voltou a entrar em cartaz. A temporada transcorreu sem qualquer balbúrdia. O mesmo vale para Autópsia, de Jonathan de Andrade, na qual todos do elenco aparecem nus. Baseada em textos de Plínio Marcos, Autópsia foi celebrada por crítica e público. Assim como a exposição Male zodiac, com uma desnuda coleção de corpos masculinos, fotografados por Sergio Vincent, representando os signos do zodíaco.
Como poucas vezes, a pele crua invadiu os palcos, mas também as telas (plásticas, da televisão e do cinema) e a fotografia. Um fenômeno motivado, primordialmente, pelo meio virtual, como corrobora o artista plástico e antropólogo paulistano Marcio Zamboni: ;É evidente que jamais tantas imagens ; desenhos, pinturas, fotos, vídeos ; estiveram disponíveis como na era da internet;. A nudez, como foco de estudo e trabalho, anda ocupando um número cada vez maior de artistas e acadêmicos, dispostos a quebrar os paradigmas e preconceitos que o corpo nu provoca. E eles ainda são muitos.
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