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Escritor Eugênio Giovenardi lança livro que questiona crenças religiosas

Gaúcho radicado em Brasília, o autor de 80 anos acredita que escrever é um caminho para se refletir



Giovenardi passou boa parte da adolescência e dos primeiros anos da vida adulta em seminários. Esteve em sete instituições, foi ordenado padre, pregou, mas não resistiu ao questionamento sobre a fé em um poder divino e, em 1967, saiu da chamada ;prisão física;. Deixou a igreja e foi fazer doutorado em sociologia do desenvolvimento em Paris. Em meio às barricadas montadas pelos estudantes em maio de 1968, durante uma caminhada no Quartier Latin, entrou em um café para evitar os enfrentamentos e conheceu a jornalista finlandesa Hilkka Maki, que cobria o tumulto para um jornal de Helsinque.

Antes de voltar para o Brasil, estava casado e impregnado de uma série de questionamentos que o levaram à temática de No meio do caminho. ;Esse livro é a biografia do meu pensamento. É a gênese e a evolução do meu pensamento;, avisa. A organização da Igreja Católica, a ideia de Deus, o celibato, a sexualidade nos meios religiosos, a liberdade de pensar, a imortalidade da alma e a origem da vida pautam o escritor. ;A Igreja sempre foi uma espécie de supermercado, e um dos produtos que se pode comprar é Deus e alguns conceitos;, diz Giovenardi. Depois de deixar a organização, ele conta que levou 15 anos para se libertar da ;prisão teológica/cultural;.

Confira trecho do livro No meio do caminho, de Eugênio Giovenardi:

"Deus não é um ente, um ser que existe. É uma ideia que supõe algo preexistente fora e independente de nossa consciência. É um conceito universal que subsiste, multiplica-se e toma diferentes formas. É um ponto de partida. Pode estar aqui, ali ou lá, num ser, numa coisa ou circunstância; É um ponto do qual se parte para descobrir o universo. Uma espécie de causa das causas.
O termo universal Deus não tem relação com a criação do mundo. Não é seu criador. Nós é que atribuímos a essa ideia a virtude criadora. Deus é uma ideia no sentido platônico que preexiste em relação a todos os seres materiais e à própria consciência humana. A ideia é tirada de um cabide e tem a utilidade de explicar o que a mente não consegue distinguir. Em todas as línguas humanas, existe esse ente universal com denominações diferentes, mas que guardam significado semelhante."


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