Irlam Rocha Lima
postado em 04/08/2014 06:13
Gratidão é uma das virtudes de Hamilton de Holanda. A Universidade de Brasília, onde, na década passada, recebeu o diploma de bacharel em composição, foi o local escolhido pelo bandolinista para lançar seu primeiro disco totalmente autoral. Ali, acompanhado pela Orquestra da UnB, ele faz concerto em 8 de setembro, que tem como base o álbum Caprichos, contemplado pelo Prêmio Funarte de Música Brasileira.
Conquistas têm sido uma constante na trajetória artística de Hamilton. Os mais recentes, conquistados em maio último, foram os da Música Brasileira de melhor disco e melhor solista, na categoria instrumental pelo álbum Mundo de Pixinguinha, em que dividiu a releitura de clássicos do mestre do choro com o trompetista americano Wynton Marsalis, o pianista norte-americano Chucho Valdez e a flautista francesa Odette Ernest Dias.
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Caprichos, um álbum duplo de 24 faixas, é reflexo da maturidade do compositor, que há dois anos lançou Sinfonia monumental, em homenagem à cidade que o acolheu na primeira infância e que é o ponto de partida para sua vitoriosa carreira artística. ;Comecei a desenvolver o Caprichos de forma lúdica, solfejando a melodia do que achava ser a essência de uma composição;, revela.
O bandolim de 10 cordas tem sido fiel a Hamilton de Holanda em sua lida como intérprete e compositor. Juntos, reverenciaram a tradição, inventaram moda, adentraram salas de concerto e animaram bailes. O músico sempre paga com a moeda da dedicação, da técnica. Agora, Hamilton oferta algo mais: miniaturas sonoras que, no conjunto, são um monumento.
Crítica:
Por Gustavo T. Falleiros
Os Caprichos formam um catálogo de sons, possibilidades estilísticas e desafios para jovens instrumentistas. Os aspectos didáticos são incríveis por si só, mas essa prosa fica pra outro dia. O que o ouvinte comum percebe é música bonita. E isso ele vai ter de um extremo ao outro. Os momentos solos, como Capricho da Lua, são os mais líricos. As faixas de trio, com André Vasconcellos (contrabaixo) e Thiago da Serrinha (percussão), têm também muita ginga. Vá de Capricho do Carmo, por exemplo. Mas cada caprichinho tem seu encanto, confie.
Para não se estender muito, só uma breve menção ao pioneirismo do músico. O bandolim de 10 cordas começa, sim, com Hamilton de Holanda. Foi ele quem quebrou a cabeça com os luthiers Vergílio Lima e Tércio Ribeiro para desenhar um instrumento mais rico que o similar, de oito cordas. Com o repertório de Caprichos, abre-se uma via expressa para a nova geração afiar os dedos e esmerilhar a palheta.
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