Diversão e Arte

Festival de Locarno premia Aspirantes como melhor filme em finalização

Confira entrevista exclusiva com o diretor do longa-metragem

Rui Martins, Especial para o Correio
postado em 12/08/2014 15:51
Locarno - O filme ainda não concluído, Aspirantes, de Ives Rosenfeld, foi premiado com 11 mil dólares pelo júri da Carte Blanche do Festival de Locarno, como o melhor projeto em fase de finalização.

Essa escolha era esperada já que tanto os dirigentes do Cinema do Brasil, André Sturm, e da Ancine, Manoel Rangel, tinham ressaltado em entrevista, a boa recepção dada pelos profissionais do cinema (produtores, vendedores, programadores) ao filme Aspirantes.

Entrevista exclusiva com o premiado

Do que trata seu filme?
Ives Rosenfeld - O filme trata de uma investigação sobre um personagem e esse personagem é um jogador de futebol de uma equipe amadora. E o seu melhor amigo joga também nessa equipe, mas é o melhor jogador do grupo.
O filme conta a história de inveja, pois o amigo melhor jogador, mais talentoso assina um contrato como jogador profissional e o outro não tem sucesso e enfrenta problemas sucessivos. A namorada fica grávida, ele não tem onde morar e prossegue essa decisão de frustrações, provocando o aumento da inveja até assumir proporções trágicas. É um filme sobre a inveja mas é também um filme de futebol e se constrói o estado psicológico dos personagens jogadores a partir das partidas de futebol.

Qual sua formação e suas primeiras experiências?

Ives Rosenfeld - Sou carioca, formado em cinema pela Universidade Federal Fluminense. Aspirantes é o meu primeiro longa-metraagem. Antes, dirigi um curta-metragem. Trabalhei muitos anos como técnico de som e isso foi uma ótima oportunidade, pois tive a oportunidade de trabalhar com diversos diretores, diretores incríveis que me inspiraram bastante. E agora, enfim, estou conseguindo botar para fora um desejo enorme de dirigir.

Você é bastante jovem (34 anos) e esse premio é uma excelente oportunidade de começo de carreira. O filme está avançado na finalização ?
Yves Rosenfeld - Sim, estou bem adiantado na finalização do filme. Já estou com o corte final e faltam a edição de som e mixagem e escolher duas músicas da trilha sonora. O filme deve ficar pronto por volta de dezembro.

E qual o financiamento que está precisando para concluir o filme ?
Yves Rosenfeld - Por volta de uns 60 mil reais, por aí. Mas se não conseguir, embora agora pareça conseguir, eu mesmo finalizo. O custo total foi de uns 900 mil reais.

Mesmo assim saiu barato porque aqui na Europa o custo é muito mais elevado.
Yves Rosenfeld - Também acho que saiu barato, a gente filmou em Saquarema, no litoral do Rio de Janeiro, fiquei morando lá três meses. Houve muitas amizades que me ajudaram a diminuir os custos, muitos atores e da equipe trabalharam por cachés bem abaixo do mercado. E eu sou profundamente agradecido a eles, por serem parceiros inestimáveis. O filme é muito o resultado da harmonia que a gente conseguiu e da dedicação de todos e acredito que isso está impresso na imagem do filme. O trabalho dos atores refletiu esse clima entre eles e o fotógrafo, diretor de arte, assistente de direção, figurinista e técnico de som. Todos contribuíram demais para a construção do filme. Por isso, considero o filme como de um coletivo e não só meu.

Quando passa filme brasileiro nos festivais, aquela lista enorme de patrocinadores provoca risos. O seu filme também tem muito financiadores ?
Yves Rosenfeld - Até que não. Foi o Fundo Sectorial da Ancine com a Ofinet, pela lei da ISS e Canal Brasil. Pretendo estreá-lo no ano que vem.

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