postado em 18/08/2014 08:19
Depois de dois anos de exibições em festivais de cinema nacionais e internacionais, o documentário Hélio Oiticica entra em cartaz. Apesar do importante legado e imensurável acervo, a maior parte da população brasileira desconhece a obra do artista que extrapolou conceitos sedimentados e inaugurou um novo ciclo da arte contemporânea no Brasil. O filme dirigido e roteirizado por César Oiticica Filho, sobrinho do artista e curador de sua obra, ficou pronto no fim de 2012. Ganhou os prêmios Caligari e Fipresci de Crítica Internacional do Festival de Berlim 2013. Estreia nas salas de cinema de várias cidades do país com um objetivo: apresentar o Hélio Oiticica para os brasileiros.
O documentário é o primeiro trabalho cinematográfico de César Filho. O desafio resultou em um mosaico de imagens e sons. O diretor conseguiu por meio de material de arquivo e novas filmagens organizar uma linha cronológica das fases criativas e mais produtivas do artista. É, praticamente, impossível distinguir o que é original e o que não é. São cápsulas do tempo que ficaram perdidas ao longo dos anos. O mérito do filme é deixar Hélio Oiticica contar com suas palavras quem ele é. ;Começamos a montar o filme pelo áudio, porque a minha ideia sempre foi essa de deixar o Hélio falar;, diz.
No longa, todo o áudio foi gravado pelo próprio artista. A voz revive a figura emblemática do homem que viveu apenas 43 anos. Conversas com alguns amigos e parceiros também estão no filme, tais como Glauber Rocha, Haroldo de Campos e Julio Bressane. Diálogos de outros tempos ganham novo contexto para construir a personalidade de Oiticica. ;Queríamos dar voz a ele, principalmente, em um momento que os artistas precisam de tradutores, curadores. Essa mediação, às vezes, traz todo um problema de ruído de mercado, da própria formação e da academia. Hélio era um artista que não cabia nessas caixas. É tanto material que ele deixou que dava para fazer outro filme;, revela o diretor.
O documentário
Pesquisando filmes feitos em super-8 pelo artista, César Filho teve a ideia de fazer um longa com o material. ;Eram rolos e rolos do período do Quasi Cinema, principalmente, de Nova Iorque. Queria colocar público no olho do artista para enxergar o que ele viu. Colocar o Hélio na cabeça das pessoas para ouvir os pensamentos dele de uma forma bem direta e coloquial. Muito melhor que em um livro. A parte difícil foi fazer com que as pessoas acreditarem na ideia. Ninguém sabe se você é cineasta ou maluco;, afirma.
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