postado em 27/08/2014 06:02
Teatro lotado, ingressos esgotados, aplausos calorosos, um público diversificado. Durante o Cena Contemporânea, os grupos de teatro de Brasília encaram um ambiente acolhedor, que nem sempre se repete no decorrer do ano. Fora do festival, eles suam para garantir espaço, plateia, patrocínio. Muitos não encontram local nem para ensaios. O financiamento público emperra na burocracia. Ir aos palcos, constantemente, configura utopia.A convite do Correio, cinco atores de épocas e vivências distintas se reuniram para debater as diferenças que permeiam o teatro brasiliense. Todos participam desta 15; edição do Cena e conhecem a fundo a realidade durante e após o evento. Chico Sant;Anna (Noctiluzes), Gabriel F. Calonge (Adaptação), João Campos (Perdoa-me por me traíres), Jordana Mascarenhas (Mundaréu) e Rodrigo Fischer (Misanthrofreak) responderam às mesmas perguntas e falaram sobre a falta de apoio do governo, a formação de plateia, o teatro de rua e a política cultural.
Quatro perguntas // Chico Sant;Anna, Jordana Mascarenhas, Rodrigo Fischer (de boné), João Campos e Gabriel F. Calonge
Por que o teatro de Brasília não ocupa as ruas e depende tanto de espaços culturais, cada vez mais escassos?
[SAIBAMAIS]Gabriel ; Acho que é uma característica da cidade. Uma cidade feita para os carros e não para os pedestres. Não acho que seja um problema por parte dos artistas. Parece-me uma reação do público com Brasília, pouco íntimo da rua.
Rodrigo ; Os artistas se sentem um pouco reprimidos, já que propor algo em um espaço público, ao ar livre, é uma burocracia sem fim. Além disso, as pessoas andam cada vez mais individualistas, dentro de suas casas e pouco dispostas a socializar.
João ; Pego um pouco no pé dos artistas. Falta um pouco esse ;risco; da rua. A rua pede uma outra investigação e estamos amarrados a essa estética do teatro fechado, em silêncio, com iluminação e coisas assim. Quem está dentro do teatro poderia se arriscar mais.
Jordana ; O teatro protege. Na rua, estamos desprotegidos.
Chico ; Nos anos 1970, tínhamos o Ary Pára-Raios, fazendo um belo teatro de rua. Nós, atores, ainda não mergulhamos nesse gênero, talvez por comodismo, dificuldade. Falta uma vontade maior de fazer o que fazemos nos palcos, nas ruas.
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