Diversão e Arte

Sebastião Salgado chama atenção para destruição acelerada do meio ambiente

O fotógrafo percorreu 32 regiões da Terra durante oito anos para encontrar as imagens de "Genesis"

Nahima Maciel
postado em 03/09/2014 08:33
Retrato de xamãs do Alto Xingu, de 2,57 x 1,86m: doação do fotógrafo brasileiro ao Ministério das Relações Exteriores
Sebastião Salgado espera que a exposição Genesis, em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) a partir de hoje, sensibilize o poder público. Durante a entrevista coletiva para divulgar o trabalho na tarde de segunda-feira, o fotógrafo fez um apelo. ;Queria pedir a vocês que nos ajudem a mostrar para a classe dirigente desse país o que o corpo desse trabalho representa;, disse, antes de começar a falar sobre as 245 fotografias que compõem a exposição. Salgado acredita que, para salvar os 46% ainda intactos do planeta, é preciso trabalhar juntos e a classe política é parte fundamental da engrenagem.

[SAIBAMAIS]O fotógrafo percorreu 32 regiões da Terra durante oito anos para encontrar as imagens de Genesis. De paisagens inóspitas como as planícies da Sibéria e as montanhas da Etiópia ao cotidiano de povos autóctones que vivem isolados, o fotógrafo mineiro foi em busca do planeta na tentativa de encontrar regiões intocadas pela vida moderna. Para ele, o homem se desligou do planeta e de sua condição animal para viver o desenvolvimento da civilização e, nesse processo, acabou por destruir o meio ambiente.



Quando terminou Êxodos, o longo ensaio sobre as migrações humanas, Salgado estava descrente em relação à espécie e convicto de que o homem caminhava para seu próprio extermínio. ;Cheguei até a pensar em parar de fotografar;, contou. Genesis trouxe a esperança de volta, mas o fotógrafo ainda não está convicto de que o homem fará parte do futuro do planeta. ;Vivendo o que vivi em fotografia, viajando o que viajei, vendo o que eu vi, sinto e acho que vai ser um retorno espiritual que vamos ter que fazer. Vamos ter que reduzir a velocidade, vamos ter que respeitar mais o planeta, vamos ter que nos aceitar como espécie animal, aceitar que não somos a única espécie racional;;, diz.

Genesis começou no interior de Minas Gerais, na Serra dos Aimorés, onde o fotógrafo nasceu. Foi enquanto desenvolvia o projeto de recuperação da Mata Atlântica em uma fazenda herdada do pai que ele sentiu necessidade de se aproximar mais da natureza. Em 1998, Salgado e a mulher, Lélia, criaram o Instituto Terra para trabalhar com projetos de educação ambiental e recuperação de áreas deterioradas. Desde então, foram mais de 2 milhões de árvores plantadas nos 709 hectares da Fazenda Bulcão, transformada em Reserva Particular de Patrimônio Natural.

Genesis
Exposição de Sebastião Salgado. Curadoria: Lélia Wanick Salgado. Visitação até 20 de outubro, de quarta a segunda, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB ; SCES Trecho 2).

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