Diversão e Arte

Artistas de várias gerações mantêm a energia pictórica da arte naïf

Artistas naïfs reproduzem o cotidiano, fazem referência religiosa ou abordam temas sociais. O descompromisso com as cores reais e com a perspectiva marca o estilo

postado em 09/09/2014 06:02
A cidade do Paranoá é o cenário escolhido pelo brasiliense Gersion de Castro para a produção de sua obra

Os quadros coloridos traduzem a alma brasileira. Transfiguram o imaginário do povo com formas e pontos ora sutis, ora agressivos. A beleza do popular conquistou, nas últimas décadas, lugar diante do erudito. O mundo da arte teve que se render ao na;f. A pintura vai além dos tantos rótulos que a classificam: primitiva, ingênua, instintiva, folclórica, entre outros. Da diversidade de temas, surgem quadros genuinamente sensíveis.

Artistas na;fs reproduzem o cotidiano, fazem referência religiosa ou abordam temas sociais. O descompromisso com as cores reais e com a perspectiva marca o estilo. ;A identificação do público com a arte na;f é imediata. A obra é autoexplicativa, faz referência a algo que o espectador conhece. Isso torna fácil a fruição estética. O interesse pela arte popular é crescente;, assegura Augusto Luitgards, colecionador e marchand. O aquecimento desse mercado ocorre, dentre outros motivos, em função da identificação imediata do público com a simplicidade cativante das obras e da conscientização dos artistas quanto ao valor de suas criações.

[SAIBAMAIS]A peculiar luminosidade dos trópicos, reproduzida na maioria dos quadros na;fs, atrai o olhar de admiradores estrangeiros. ;Tenho vendido mais quadros para fora do Brasil do que para colecionadores brasileiros. Nossas cores encantam aqueles que nos visitam. O nosso na;f tem uma identidade consolidada que o diferencia de outras tradições;, diz Luitgards. Prova disso, segundo ele, é que o Museu Internacional de Arte Na;f, situado no Rio de Janeiro, foi criado pelo francês Lucien Finkelstein. Uma das mais conceituadas galerias especializadas em arte na;f, com atuação em São Paulo, também tem o francês Jacques Ardies como proprietário.

Há dois tipos de artistas na;fs: aquele que desconhece os cânones da pintura ; usa a intuição para pintar; e quem teve formação estética e domina a técnica, mas abre mão de usá-la. Fé Córdula e Gersion de Castro são dois artistas autodidatas. O dom de se expressar por meio dos traços simples e de cores puras faz deles representantes natos da arte na;f, a antiga e a nova gerações. Os anos impregnaram os quadros com estilo próprio.

Tradução amorosa

A terra vermelha do Planalto Central marca as telas de Gersion de Castro. O artista registra as lembranças do dia a dia no Paranoá. A riqueza dos detalhes cria cenários cheios de identidade. A marca social mostra um artista que se expressa e ganha força em sua origem. ;Gersion faz uma iconografia amorosa da cidade, do lugar em que morou. Suas obras têm caráter anedótico ; não em tom de piada ;, os personagens retratados estão ligados por uma narrativa;, avalia Luitgards.

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