Diversão e Arte

Diretor Marcelo Galvão revela as origens da família na criação do cinema

Inserido num cotidiano de quase comédia, ele se valeu da banda paterna para formatar parte do longa, já que teve avó quase analfabeta e avô bom vivant

Ricardo Daehn
postado em 11/09/2014 06:01
Temas como integridade de minorias, presentes em A despedida, formatam a afável visão do diretor paulista Marcelo Galvão
Uma olhadela no portfólio do cineasta Marcelo Galvão denuncia o desacordo das obras criadas e do modo de vida do quarentão que sempre olha ;mais pra frente;, e prevê para a futura empreitada, com o longa O matador, uma mudança de patamar ; ;quem sabe até internacionalmente; ; na árdua busca por financiamento para filmes. Ainda à distância do orçamento necessário para a produção de um faroeste de cangaço, olhando para trás ; mais precisamente para passado bem recente ; Galvão tem muito a comemorar.

[SAIBAMAIS]Em menos de três anos, sete prêmios Kikito (no Festival de Gramado) coroaram uma carreira talhada pelo esforço. ;Você nunca ganha um prêmio por si só. E vejo também que cinema é uma coisa tão dura de fazer, pela qual, muitas vezes, se tem que abdicar de tantas coisas e de tempo com a família;, comenta o melhor diretor de Gramado (por A despedida).

E é desta lacuna ; em algo tão vital para nutrir seu universo ; ou seja, na convivência com parentes, que o diretor parece assentar o seu estilo emocional. ;Gosto de falar sobre coisas das quais tenho propriedade;, admite. No âmbito familiar, sempre compreensivo, o primeiro baque veio do fato de Galvão, filho de médicos, ter passado em medicina na Fuvest ; ;só que não fiz;, diz, aos risos. ;Venho de uma família bem carioca, meio de subúrbio;, explica o diretor.

Inserido num cotidiano de quase comédia, ele se valeu da banda paterna para formatar parte do longa, já que teve avó quase analfabeta e avô bom vivant ; molde para o personagem retrabalhado nas telas por Nelson Xavier. ;Era quase um cortiço: viam a vida de maneira mais fácil: para ser celebrada;, pontua.

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Na vida real, o avô octogenário ; entusiasmado por Zeca Pagodinho e Bezerra da Silva ; não dava descanso, enquanto a mulher dele não media ofensas para a jovem amante do marido. ;Em A despedida, reforço a dialética de estar com o corpo todo definhando ; de não conseguir caminhar direito, mas querer muito caminhar. Meu avô tinha uma vontade de viver incrível: pensava em sexo, em mulher e tinha uma amante de 37 anos;, explica. A fotografia da fita (premiada com Kikito, a exemplo da dupla central de atores, Nelson Xavier e Juliana Paes) ganha a cadência de um bolero intimista e cálido.

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