Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Correio reconstitui os bastidores das visitas de Clarice Lispector à cidade

As vindas da escritora nas décadas de 1960 e 1970 resultaram em duas crônicas memoráveis

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Clarice veio pela primeira vez à cidade em fins de 1961, com os filhos, Pedro e Paulo, muito pequenos. Era casada com Maury Gurgel Valente, que ainda não havia ingressado no Itamaraty como embaixador, mas trabalhava em Brasília como chefe de gabinete de Afonso Arinos. No entanto, Clarice e Gurgel já estavam em processo de separação e nunca vieram juntos a Brasília. Ela ficou hospedada na casa do casal de amigos Rubens e Marisa Ricúpero: ;Naquele tempo a cidade era muito vazia;, lembra Rubens Ricúpero. ;A Asa Norte praticamente não existia. Ela era uma pessoa fascinante, com uma imensa capacidade de observação. Uma das coisas que ela disse sobre a cidade, que não soa muito simpática, é que Brasília parece comida de avião. Eu não sei bem em que contexto, ela disse isso.;

Marisa Ricúpero lembra ao Correio que passou três dias com Clarice em Brasília durante o Natal de 1961. Certo dia, tentaram ir conhecer os arredores da cidade, mas era mal sinalizada e elas se perderam próximo a Planaltina, em carro dirigido por motorista do Itamaraty, e ficaram no meio da estrada: ;Encontramos um capiau que tinha caçado um tatu e estava com ele debaixo do braço. Pedimos a direção para ele, que nos respondeu apontando com o queixo. Não adiantou muito. Ela começou a divagar sobre o tatu, ela dizia umas coisas muito engraçadas, muito estranhas. Foi uma coisa impressionante, merecia ser gravada;.

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