Entre a vergonha de não ter sido mais rigoroso com os prazos e a insolência de saber do seu valor, aos 71 anos, o diretor sueco Roy Andersson deixou escapar, ao jornal britânico The Guardian: ;Se não perceberam o valor do material remetido para avaliação pela comissão de seleção de Cannes, talvez não haja razão para estar por lá, de todo o modo.;
Dispensado do festival que, há 15 anos, lhe rendeu prêmio especial do júri, pelo terceiro longa da carreira, iniciada em 1970, chamado Canções do segundo andar, o cineasta não se abateu: inscrito para o Festival de Veneza, levou o prêmio máximo, o Leão de Ouro. Livremente traduzido, o título do filme ; Um pombo se firmou num galho, refletindo em torno da existência ; é uma expressão do espírito filosófico que embala Andersson. ;No fundo, sou eu analisando a existência. Me projeto como um pássaro;, afirmou à imprensa internacional.
Curioso é que a conquista remete Roy Andersson a uma anedota. Supervisor de escola de cinema, à época da formação do colega, o ;direitista; Ingmar Bergman questionou o engajamento político de Andersson, em dura reprimenda, quando esse se aventurou a desfechar críticas ao Vietnã. Em primeiro plano, no quinto longa produzido na vida, o diretor faz questão de alinhar seus elementos de base: ;vulnerabilidade, suscetibilidade à humilhação e ausência de empatia;, traços imperiosos da contemporaneidade. ;Sou partidário da solidariedade, a favor de uma sociedade que compartilhe;, enfatizou ele, na divulgação do novo filme.
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