Diversão e Arte

Programa Sexo e as negas estreia nesta terça sob denúncias de racismo

Atrizes brasilienses do elenco comentam as acusações

postado em 16/09/2014 08:02
Miguel Falabella não concorda com as acusações de racismo

Antes mesmo da estreia, prevista para esta terça-feira (16/9) à noite, Sexo e as Negas já deu o que falar. Pela imprensa, redes sociais e fóruns virtuais, a discussão está armada em torno do novo programa da Globo. O título e o suposto conteúdo geram indignação em uma parcela do público. No enredo, quatro moradoras de uma favela encaram as dificuldades do cotidiano com humor e uma afiada língua. Falam sobre sexo, preconceito e outros tabus sem qualquer pudor ou hesitação, a exemplo de Sex and the city, que serviu como inspiração (embora, no seriado americano, as protagonistas fossem brancas e ricas).

A abordagem foi criticada por alguns espectadores (mesmo antes da exibição), que se dizem ofendidos. Eles acreditam que a atração possa reforçar o estereótipo do negro pobre ou ainda da mulher negra como objeto sexual. Até o fechamento desta edição, eram 11 denúncias de racismo protocoladas junto à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República.



O ator e dramaturgo Miguel Falabella, responsável pela concepção e criação de Sexo e as negas, não gostou das alegações e desabafou em uma página pessoal na internet. ;Elas podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor;, afirmou. ;Sou suburbano, cresci com a malandragem. Portanto, as minhas personagens são camareiras, cozinheiras, indicadoras de mesas, operárias. E desde quando isso diminui alguém?;, indaga.

Direto da capital
Entre as quatro protagonistas, duas são brasilienses. Corina Sabbas e Maria Bia trilharam trajetórias parecidas. Embora formadas em áreas distintas (Corina é fisioterapeuta e Maria trabalhou como jornalista), acabaram seduzidas pelo teatro musical. Em Brasília, participaram de alguns espetáculos antes da mudança para São Paulo. O primeiro contato com Falabella se deu na adaptação de Hairspray, dirigida por ele em 2009, para a qual foram escaladas.

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Duas perguntas//Corina Sabbas

Você nasceu em Brasília?
Na verdade, nasci em Tabatinga (Amazonas). Mas cheguei em Brasília com seis meses. Então, brasiliense desde sempre. Amor eterno por essa cidade!

Foi uma surpresa essa reação antecipada do público, que define o seriado como racista, principalmente por conta do título?
Não estávamos esperando. Principalmente, antes de estrear. Espero que as pessoas se permitam assistir ao programa. Nossa intenção é justamente o contrário do que andam dizendo. Vamos exaltar as mulheres e a cor da pele;. Vivemos essa dificuldade de chamar o outro de negro. Muitos não conseguem usar a palavra ;negro; em um contexto positivo, pois ainda assim acham que é ofensa. Há um receio constante no ar. Se eu sou chamada de ;moreninha;, aí sim eu fico triste.

Duas perguntas//Maria Bia

Há alguma similaridade entre Brasília e a cidade
da personagem, que mora em uma favela?
Eu cresci em Taguatinga, que, de alguma forma, é considerada periferia, no melhor sentido. Por lá, temos algumas características de subúrbio. Então, estou muito bem inserida nesse panorama.

O programa não reforça uma imagem do negro pobre, que mora sempre na favela; ?

Não vejo assim. Outro dia, uma mãe me parou e disse que queria que a filha tivesse o meu cabelo. E eu pensei: ;Caramba, essa é uma chance de mostrar que o cabelo crespo é lindo, que não precisa alisar. De mostrar que uma negra pode ser protagonista de um seriado;. Se uma criança negra nos vir na tela e o olho dela brilhar, terei cumprido minha missão.

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