São Paulo - A vida de Alberto da Veiga Guignard foi envolta em muitos mistérios, mas a pintura do pintor nascido em Nova Friburgo (RJ) e criado na Europa era transparente e revelava um encanto especial pelo Brasil. Para alguns críticos e colecionadores, o artista seria um dos segredos não descobertos e mais bem-guardados da história da arte nacional. A curadora Denise Mattar, no entanto, acredita ser a hora de revelá-lo e, com essa intenção, planejou a mostra Sonhos e sussuros, em cartaz na Galeria Almeida Dale, em São Paulo.
A exposição faz parte de um projeto dos proprietários do espaço, Antônio Almeida e Carlos Dale Jr., de, uma vez por ano, exibir uma mostra individual de um expoente da história da arte brasileira. Os galeristas e a curadora conseguiram reunir obras de importantes coleções particulares, como as de Angela Gutierrez, Gilberto Chateaubriand, Roberto Marinho, Silvio Frota e de algumas instituições, como a Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza.
Denise garimpou um total de 48 pinturas entre as mais bem produzidas por Guignard ao longo de boa parte da vida. ;Ele morou fora do Brasil até os 33 anos. Quando voltou, ficou amigo de Ismael Nery. Na época, tinha todo aquele discurso da brasilidade, da modernidade, mas ele não se encaixava nisso. Só que ele olhou para o Brasil com olhos deslumbrados de um estrangeiro;, conta a curadora. O pintor perdeu o pai muito jovem, e logo a mãe casou-se novamente. O padrastro levou a família para a Europa e por lá Guignard estudou pintura e participou de exposições como o Salão dos Independentes e o Salão de Outono, importantes referências francesas. Aos poucos, perdeu os parentes e, quando se viu sozinho, decidiu retornar ao Brasil nos anos 1920. No ateliê, montado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, começou a pintar a exuberância das plantas nacionais, as mesmas que Denise escolheu para iniciar o percurso da exposição.
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