Nahima Maciel
postado em 08/10/2014 08:02
O noivado entre a crônica e a nova geração de escritores brasileiros, que têm despontado na última década, está prestes a virar casamento e a ganhar lugar de destaque nas prateleiras depois de alguns anos de olhares enviesados.
[SAIBAMAIS]Sempre celebrada como um gênero tipicamente tupiniquim, a crônica andou esquecida e pouco praticada nas últimas décadas o que não quer dizer totalmente abandonada e isso graças a nomes como .
Agora, tem ganhado força na voz de jovens autores como Antonio Prata, Fabrício Corsaletti, Vanessa Bárbara e Chico Mattoso. Eles têm diferentes maneiras de encarar a crônica, mas concordam em uma coisa: há um interesse renovado pelo gênero.
Vanessa Bárbara
Em Loucos de palestra, Vanessa Bárbara reúne crônicas publicadas em jornais e revistas ao longo dos últimos cinco anos, uma prática que ela considera capaz de tanta profundidade quanto o romance. Para a escritor que já publicou um romance, uma história em quadrinhos e um livro-reportagem, o gênero não tem uma fórmula e também não é superior ou inferior às outras práticas literárias. "Não diria que esteve dormente, pois existe uma geração intermediária de cronistas muito atuante, como Matthew Shirts, Humberto Werneck", diz Vanessa.
Fabrício Corsaletti
As crônicas de Ela me dá capim e eu zurro tratam de temáticas variadas e foram escritas ao longo de quatro anos, mas carregam uma unidade capaz de fazer o leitor mergulhar em histórias cujos detalhes têm algo de intimista, mesmo que tratem de arquitetura, desconhecidos e lugares. Corsaletti começou a escrever as crônicas para a Revista São Paulo com a orientação de que deveria falar da cidade, mas aos poucos o assunto foi extrapolando o contexto urbano. "Sempre gostei muito de crônica, foi a primeira vez que parei para escrever, mas sempre li muito, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, e outros."
Antonio Prata
O autor de Nu de botas já até tentou escrever romance, mas não gostou do resultado e deixou de lado. Antonio Prata tem ouvido com frequência pessoas se surpreendendo com um revigoramento da crônica nos jornais e revistas. Ele concorda, mas não sabe muito o porquê da tendência. "Tenho uma hipótese: acho que durante os anos 1990, nessa época pós-queda do Muro de Berlim, naquele período que veio o neoliberalismo, acho que o mundo ficou muito dominado por uma ideia do pragmatismo e as crônicas perderam o lugar para a coluna nos jornais", arrisca.
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