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Ícone do punk de Brasília,Paulo César Cascão exalta legado da Legião Urbana

O vocalista do Detrito Federal acredita que o rock da capital perdeu força

postado em 08/10/2014 10:01
O vocalista do Detrito Federal acredita que o rock da capital perdeu força

O punk Paulo César Cascão em 1986: época de ouro do rock de Brasília

Foi por volta dos 15 anos que Paulo César Cascão teve o primeiro contato com o Legião Urbana. Fundador do Detrito Federal, banda que marcou o punk-rock de Brasília nos anos 1980, o baterista define o grupo de Renato Russo como dono de uma qualidade inconteste. ;O Legião não era uma banda como as outras. Para as bandas de rock, era o nosso irmão mais velho, o parâmetro de qualidade naquele momento;, diz.

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[SAIBAMAIS]Ele lembra da emoção que sentiu ao ouvir Será pela primeira vez em uma rádio comercial. Cascão ainda estava no início da carreira quando a música foi tocada. ;Foi uma música que chutou a Rede Globo, o contexto político, chutou tudo! Quando eu vi aqueles caras, que eram nossos vizinhos, tocarem pro Brasil inteiro e virarem heróis, eu tive a certeza que uma grande mudança ia acontecer nesse país;, lembra.



Cascão não reluta em fazer coro sobre a importância de Renato Russo para o rock brasileiro. ;Ele era um professor de primeira linha. Pra ter uma banda de rock, você devia ter um senso critico muito apurado e tinha que ouvir Renato Russo pra não fazer feio. As composições dele são espetaculares. Não tem nada parecido no rock brasileiro;. A parceria entre Russo e Cascão se dava fora dos palcos, nas rodas de amigos e noitadas pela cidade. Certa vez, Renato escreveu Fábrica 2 e presenteou o baterista do Detrito. Uma outra versão da música foi gravada posteriormente pelo vocalista do Legião, para o álbum Dois.

Sobre a herança deixada pela banda para o cenário musical do país, Cascão destaca a inteligência de Renato Russo, o lema ;faça você mesmo; e a confiança no próprio trabalho. Entretanto, essas não são características que ele consegue enxergar nas bandas atuais: ;O rock está pasteurizado. As pessoas não entendem que simplicidade é qualidade. Essa é a distinção;, diz.

;Sabe o que falta? Leitura. Naquela época, quando a gente não tinha nada para fazer, ocupava o tempo com leitura. Hoje as pessoas não têm conhecimento da história humana. Se você pegar um cara desse do rock, um ou outro vai dizer algo que preste e os demais vão só repetir besteiras. Há muito tempo, eu não vejo nada que me comova no rock daqui. Minha geração de artistas já está morrendo, então eu frequento mais cemitério do que show de rock em Brasília.;

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