postado em 10/10/2014 13:42
A Fundação Casa de Rui Barbosa lançou nesta sexta-feira (10/10) um vocabulário listando palavras da língua portuguesa usadas na Idade Média e as relacionando com suas correspondentes atuais. O Vocabulário do Português Medieval demorou 35 anos para ser preparado e publicado. Utilizada em Portugal e na região espanhola da Galícia, entre os séculos 13 e 15, a obra conta com 170 mil verbetes.O trabalho começou em 1979, com o lexicógrafo Antônio Geraldo da Cunha, do Setor de Filologia da Casa de Rui Barbosa, instituição vinculada ao Ministério da Cultura. ;Ele arrebanhou uma quantidade de manuscritos de uma língua falada entre a Galícia e Portugal. Com esse repertório, é possível retratar o processo de consolidação da língua portuguesa;, disse o diretor do Centro de Pesquisas da Casa de Rui Barbosa, José Almino de Alencar. ;Entre o latim romano e o português, a língua atravessou uma grande história. É um dos momentos dessa história desconhecida que está retratado no vocabulário.;
Além do desafio de recolher os vocábulos em documentos antigos, trabalho que levou alguns anos, os pesquisadores tiveram dificuldade para levá-lo ao público. A primeira tentativa foi em 1984, quando os pesquisadores, tentando conseguir patrocínio, publicaram um fascículo-amostra. Sem sucesso, houve uma adaptação da obra, publicada, em partes, entre 1986 e 1994.
Em 1999, todo acervo de pesquisa foi digitalizado, o que possibilitou a publicação do material no ano seguinte, como um CD-ROM (disco multimídia usado em computadores). Uma atualização, ainda em CD-ROM, foi publicada em 2007. Somente sete anos foi publicado o vocabulário, em dois volumes e mil exemplares.
O material será distribuído a bibliotecas e universidades do Brasil, Portugal, Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos. ;Não tínhamos nada publicado com essa densidade [sobre a origem da nossa língua]. Esperamos que a obra seja um ponto de demarcação para estudiosos da nossa língua e também de inspiração para outros países se debruçarem sobre suas próprias;, ressaltou a ministra da Cultura, Marta Suplicy, presente à solenidade.