postado em 11/10/2014 08:03
A figura magra de ossatura longilínea do maranhense, de 84 anos, não esconde nem de longe a inquietação do poeta Ferreira Gullar. Considerado por muitos como o maior poeta vivo do Brasil, Gullar ; que também é crítico de artes plásticas, dramaturgo e tradutor ; agora é um imortal da Academia Brasileira de Letras. A escolha foi unânime na tarde da última quinta-feira. Ele assume a cadeira 37, que pertenceu ao poeta Ivan Junqueira e, antes dele, a Silva Ramos, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo Neto. Há 20 anos, o poeta recebe convites para integrar a academia e, desta vez, resolveu ceder. Os motivos que o fizeram aceitar a candidatura foram a insistência dos amigos e a mudança de atuação da ABL. ;Antes, era uma entidade fechada. Mas agora está mais aberta e trata de temas da atualidade;, disse ao Correio, momentos antes da eleição. Em nova entrevista, ontem, após o resultado, Ferreira Gullar falou de poesia, política e arte.
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[SAIBAMAIS]O que mudou na academia?
Ela foi criada como uma instituição consagratória, com um grupo de intelectuais seletos que discutiam entre si defendiam a cultura e a literatura, mas era uma coisa mais fechada. Hoje, ela desempenha a mesma função, mas abre espaço para estudos, discussões, palestras. Levanta temas polêmicos. E, então, se tornou uma instituição com uma formação mais ampla.
O senhor é considerado por muitos como o maior poeta vivo no Brasil. O que acha disso?
É uma opinião das pessoas que me deixa muito feliz. Mas não sou eu que tenho essa opinião. Seria falta de humildade achar uma coisa dessas.
A arte contemporânea contém poesia?
Algumas. Mas a maioria é só bobagem. Um urubu em uma gaiola é poesia? Isso não conta.
Então, arte conceitual não é arte?
Algumas coisas são. Mas são poucas. Algumas coisas feitas com paixão e criatividade, são. Porque você não precisa ter pincel e cor para fazer arte. Dá para fazer arte sem nada disso, mas tem que querer criar alegria. Não é fazer bobagem como colocar casais nus nos museus. Isso não é nada. Não é arte. Não é poesia. É uma boa ideia, é a caninha 51, que eu sempre digo.
O senhor acha que a política atual do Brasil está mais conservadora?
Sim. Eu acho que tem que mudar. É impossível continuar assim. A maior empresa brasileira sendo saqueada pelos partidos que estão no governo; Você acha que isso está certo? Não podemos dizer que uma coisa dessas tem que continuar, porque é o mesmo que aprovar a corrupção.
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