Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cineclubes superam desafios tecnológicos e se mantêm na luta pela tradição

Estes espaços foram locais de formação para nomes importantes do cinema nacional, como Glauber Rocha, e hoje perdem espaço para a praticidade dos smartphones e tablets

A tecnologia permite que uma pessoa tenha em seu smartphone, computador ou tablet aplicativos e acesso a sites que possibilitem assistir a filmes online a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas seria a tecnologia uma ameaça a um movimento que tenta manter a tradição do debate e do encontro entre pessoas como os cineclubes? O tema divide opiniões.

A pesquisadora de cinema Berê Bahia conta que o cineclubismo é uma atividade antiga no Brasil. "O primeiro cineclube foi criado em 1928, no Rio de Janeiro. O pessoal da minha geração, acho que 90% , tem formação cineclubista". Segundo ela, ao longo da história, esses espaços enfrentaram momentos difícieis, como na ditadura, por exemplo, e foram locais de formação para nomes importantes do cinema nacional como Glauber Rocha.



Mas os espaços também enfrentam desafios. Eduardo Ricci, do Lanterna Verde, destaca a falta de reconhecimento do trabalho. Para ele, falta engajamento de instituições, principalmente no que se refere à inclusão. O presidente do CNC levanta dois pontos: a falta de incentivo e a dificuldade de ter uma metodologia adequada para atuar dentro de certas comunidades. "Tem todo um cuidado para não piorar os conflitos que já existem ali. Além dos desafios materiais, tem esse desafio metodológico."

Pedro Lacerda destaca a importância de se criar cineclubes dentro das escolas e de ações para preservar a atividade no âmbito das instituições de ensino. "Dentro da escola, no seio do processo educativo, justifica-se muito a criação de cineclubes, mas os projetores estão parados. Na escola, já tem o público e tem a formação de público, que são os alunos, e eles vão aprendendo a gostar de cinema."

Para que a atividade cresça, algumas medidas governamentais visam ao fomento da atividade. Durante o 47; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, este ano, um projeto foi lançado pelas secretarias de Educação e Cultura do Distrito Federal. O objetivo é incentivar a montagem de cineclubes dentro das escolas públicas do Distrito Federal. Atualmente, segundo a Secretaria de Educação, 77 escolas têm equipamentos e quase 50 delas já passam projeções para a comunidade. Agora, o projeto pretende investir em outras instituições e na formação de alunos e professores.