Aos 71 anos, Zé do Pife não para. Desde criança, tudo o que ele faz é com um pífano embaixo do braço. O pernambucano de São José do Egito passa a maior parte do tempo fabricando, tocando, vendendo, ensinando e percorrendo as ruas de Brasília, onde mora desde 1993, com a sua arte. Principal mentor do grupo Zé do Pife e as Juvelinas, Francisco Gonçalo da Silva traduz vida e energia, e é um dos grandes responsáveis por manter essa parte da cultura nordestina viva no Centro-Oeste.
;Não quero que a arte do pife acabe. Quem me compra um pífano não sai sem que eu ensine a tocar. Quero criar 50, 100, mil bandas de pife, e aquele aluno que tocar melhor do que eu só vai me dar alegria. O meu prazer é esse. Eu não quero só pra mim;, diz o mestre. A vontade de compartilhar ainda mais o seu trabalho deu origem ao projeto De Brasília a São José do Egito, no qual Seu Zé percorreu três estados brasileiros levando a sua arte. A primeira parada foi na cidade natal, onde o Mestre se apresentou com o irmão Zeca.
;Tenho vontade de voltar para São José do Egito no futuro, mas esperarei para ver se passa essa enchente mais pesada;, conta Zé do Pife. A enchente a que ele se refere é a má situação em que a cultura popular se encontra na região.
;Eu tenho uma banda de pife em São José do Egito, onde meu irmão Zeca toca sozinho. Aqui em Brasília, tem gente sobrando. Festa lá é quase de ano em ano e pagam R$ 200 por noite, chorando. Emprego também não tem. Eu procuro ;punho pras manga; (sic). Sabe o que é punho pras manga? (Risos). É mais segurança. Lá está fraco demais;, lamenta o artista, que, atualmente, vive apenas da sua arte em Brasília.
Nesta viagem, Zé do Pife realizou o sonho de se apresentar com as pupilas na terra natal. Há sete anos ao lado do mestre, as Juvelinas esperavam encontrar uma cultura forte de pífano na região, mas acabaram sendo uma fonte para a juventude do lugar.
;Foi muito importante ter passado por lá porque chegamos a dar oficinas para as crianças, e isso foi um resgate muito forte para elas. Para nós, foi uma surpresa e uma lição de muito aprendizado. É alarmante porque é uma tradição deles, que deveria ser de pertencimento deles, e que nós levamos, como se fosse uma coisa de fora;, conta a juvelina Isa Flor.
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[SAIBAMAIS]