Ricardo Daehn
postado em 20/10/2014 06:04
Uma equipe do alto escalão circunda a capital. Se, entre figurinos de grife e memórias de operações ilegais (na escala da ficção), os integrantes do seleto grupo fecham as malas, muito concorre para que deixem a impressão de tratar-se de conhecidos caciques políticos. Mas, nada: é domingo, e a equipe ; que viaja em regresso para o Rio de Janeiro, é de operários da arte. Intensificaram, no último mês, as gravações de minissérie global Felizes para sempre, sob comando geral de Fernando Meirelles. Em 10 episódios, o enredo conta os desacertos entre cinco casais emparedados por monotonia e traições. Um crime passional estará no meio do caminho.
"Estar num trabalho de Fernando Meirelles e ser dirigida por ele foi um outro fator muito importante em minha escolha para participar da série. Ele tem enorme sensibilidade, delicadeza, inteligência e elegância. Foram qualidades que me tornaram interessada em seus projetos", conta Adriana Esteves, ao falar do papel que marca seu retorno à tevê, passado o estrondo Avenida Brasil.
"Fernando é um diretor ímpar. Aceitei o convite de fazer a série por querer encontrá-lo no set. Sabe o que quer, mas também está aberto ao acaso. É um dos grandes diretores, e me identifiquei com a sua integridade", complementa o ator João Miguel. João Miguel integrou a equipe de atores que, por mais de mês, circularam na capital para as gravações. Entre outros, estiveram Cássia Kis Magro, Enrique Diaz, Selma Egrei e João Baldasserini.
Na trama escrita por Euclydes Marinho (a partir da repaginada no sucesso de 1982 Quem ama não mata), João Miguel dá vida ao engenheiro Hugo, irmão do empresário Cláudio (Enrique Diaz) e do lobista Joel (Baldasserini). Num casamento periclitante, Hugo se atém à felicidade da convivência com o filho. "Há uma situação patética de um homem que se torna vítima, sem querer ser, de um irmão que não tem escrúpulos, de uma mulher que engravidou de outro homem ; tudo isso faz o mundo dele cair. Ele não abre mão de defender esse amor pelo filho, em contraponto a todo o universo familiar decadente. Hugo não desmorona definitivamente por amor a esse filho, e isso o regenera", observa João Miguel.
Celebrado nas telas de cinema, em obras como O céu de Suely e Eu me lembro, João Miguel conta com a constância de elementos comuns a todas as participações na ficção, num método quase particular. "Não abro mão do que pra mim é urgente no personagem e dos aspectos que constroem o personagem na sua base. Isso vale para o cinema, para a televisão e pro teatro ; claro com as adaptações para cada linguagem", conclui.