Diversão e Arte

Artistas falam sobre o desafio de desenhar capas para os livros

O cuidado com o conceito estético e visual do livro é uma preocupação cada vez maior entre designers brasileiros

Rebeca Oliveira
postado em 25/10/2014 08:03
Criatura: Grafitti fine art recebeu ilustração da designer paulista

Para além de simples objetos que decoram prateleiras ou coadjuvantes do conteúdo que revestem, as capas de livros têm recebido cada vez mais investimento das editoras, interessadas em atrair leitores ao primeiro olhar. Provocar este amor à primeira vista é a função de Raquel Matsushita, autora do livro Fundamentos gráficos para um design consciente (Musa Editora). Segundo ela, a rotina de um capista ; como se chama o design ou ilustrador especializado na feitura de capas ; consiste em 90% do tempo dedicado à transpiração e 10% à inspiração.



[SAIBAMAIS];É preciso desmitificar o falso conceito de que a criação acontece como um passe de mágica. Não, ela é um processo. O primeiro passo de um capista é ler o livro e, caso haja necessidade, pesquisar para um aprofundamento no tema;, afirma.

Este ano, Raquel Matsushita teve seu trabalho duplamente reconhecido: ficou em segundo lugar na categoria Capa do 56; edição do prêmio Jabuti, com o livro Graffiti Fine Art (Editora Sesi). Já com a obra Alfabeto escalafobético (coescrito em Parceria com Claudio Fragata, da Jujuba Editora), alcançou a primeira posição na categoria Didáticos e Paradidáticos. Conquistas que, para a publicitária paulista especializada em design gráfico pela School of Visual Arts de Nova York, só evidencia a valorização que o design tem recebido nas publicações atuais.

;Além do valor estético, ele possui também um valor de negócio: o bom design vende mais. As pessoas estão mais conscientes desta importância, o que estimula uma melhor formação dos profissionais, que, por sua vez, fazem um produto de maior qualidade. É um círculo virtuoso;, afirma.

Mercado
Criadora: Raquel Matsushita, segundo lugar no prêmio Jabuti deste anoSegundo os designers Raquel Matsushita e Guilherme Cunha Lima, o mercado de trabalho valoriza o trabalho dos capistas. Para eles, a profissão exige, acima de tudo, boa bagagem cultural, uma vez que o profissional precisa ler todas as obras para as quais ilustra, além de situá-la em relação a outras capas e executar um trabalho diferente do que está sendo feito.

"Ao meu ver, a fórmula perfeita é combinar estudo, dedicação, aperfeiçoamento, profissionalismo, criatividade, e, claro, uma boa dose de paixão. Misture tudo com persistência, se o prazo permitir, deixe a massa descansar por um dia antes de moldar. Em seguida, faça os pequenos ajustes e envie para a gráfica. Por fim, compartilhe com todos o que sai quentinho do forno", ensina Raquel, que ficou em segundo lugar no prêmio Jabuti pela capa do livro Grafitti Fine Art (Editora Sesi).

Segundo ela, o lema para os capistas pode ser sintetizado com uma frase de Robert Bringhurst: ;A boa tipografia é como o pão: pronto para ser admirado, louvado e repartido antes de ser consumido;. "Estendo isso também ao design de livros", ela diz.

Para Guilherme, uma regra fundamental é estudar a história do design brasileiro. "É isso que garante a nossa qualidade e originalidade, para não ficarmos apenas copiando as ideias que vêm de fora".

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