Diversão e Arte

DJ Rodrigo Barata relembra episódios que marcaram a história do Criolina

Adriana Izel
postado em 27/10/2014 06:17

O DJ Rodrigo Barata é conhecido na noite brasiliense há, pelo menos, 10 anos, tempo de existência do coletivo de DJs de que faz parte. O Criolina surgiu primeiro como uma festa, mas, hoje, atua como bloco carnavalesco, banda, programa de rádio e até como um projeto de fomento à cultura. Dando continuidade à série de histórias de personagens da cidade iniciada pelo Correio com o sambista Carlos Elias, Rodrigo Barata relembra episódios que marcaram o grupo.

A primeira foto do coletivo brincava com o medicamento creolina

O nome do coletivo foi adotado para seguir a linha musical: a black-music. Criolina veio de criolo e também do medicamento Creolina, que inspirou a logomarca do grupo e esteve na divulgação desde o primeiro projeto. Porém, a alcunha causou estranheza no primeiro momento. Em 2004, Barata foi convidado para lançar um projeto no Gate;s. Mas o dono do estabelecimento não gostou do nome. ;O Rubens (dono do pub) disse: ;Não, Criolina, não. Vamos de sexta black mesmo;. O projeto acabou migrando para o Calaf com o nome de Criolina e acho que deu certo, né? Ficamos 10 anos no comando das segundas;, conta.



O título também causou polêmica na hora de oficializar o nome. O coletivo não conseguiu o registro porque já havia alguém o utilizando no Brasil. Um tempo depois do acontecimento, eles foram se apresentar no Maranhão a convite de alguns amigos DJs e foram surpreendidos: ;eles disseram: ;já tem um Criolina aqui;;, afirma. O duo tinha um ano de existência, assim como os brasilienses, mas era formado pelos músicos Alê Muniz e Luciana Simões. ;Nos conhecemos, ficamos amigos e hoje todo mundo usa o nome sem problemas;, diz.

Sucesso local e nacional


O Criolina permaneceu durante 10 anos todas às segundas-feiras no Calaf. A estreia do projeto no período das férias de 2004 a 2005 trouxe uma proposta, até então, nova à capital. ;Brasília tinha aquela fama de cidade fantasma e carregou isso durante muito tempo. Então, nós ficamos surpresos com a aceitação. A primeira edição teve 400 pagantes. Isso era muito para um período de férias e em uma época que não existia Facebook;, relembra o DJ Rodrigo Barata, um dos integrantes do coletivo.


No tempo em que morou em São Paulo, Barata levou a festa para o estado


O grupo foi um dos pioneiros nas festas de música brasileira e negra em Brasília. ;Naquela época tinha a Makossa e alguns eventos voltados para o hip-hop. Poucas pessoas estavam investindo nisso. Antes, o público não consumia essa cadeia. Nós abrimos essa possibilidade;, comenta Barata e cita o surgimento das bandas Salve Jorge, dedicada a Jorge Ben Jor e Seu Jorge, e Mundo Racional, inspirada nos clássicos de Tim Maia.

Fora da capital


Depois de conseguir dominar a cena brasiliense, a balada seguiu para outros locais do Brasil. O primeiro lugar a receber o Criolina foi São Paulo. Uma das parceiras do coletivo mudou-se para o estado e começou a fazer a festa por lá. Rodrigo Barata também morou uma época em Sampa e aí a balada se fortaleceu.

Durante três anos, o evento teve edições na capital paulista em diferentes casas noturnas da Barra Funda e da Vila Madalena. ;Tivemos uma aceitação muito boa. Chegamos lá sem a menor pretensão e, em 2009, estivemos no ranking das 10 melhores festas;, afirma o DJ.

Criolina também é carnaval

O projeto Aparelhinho do coletivo Criolina é o tema da série sobre o DJ Rodrigo Barata. O bloco carnavalesco, que saiu pelas ruas da capital pela primeira vez em 2012, foi inspirado em uma ideia do DJ Oops, também integrante do grupo, para ocupar a cidade e agitar a folia brasiliense com músicas carnavalescas de todo o mundo. ;Foi uma pilha dele que queria criar algo num carrinho de rolimã e daí começou a ganhar proporção. Falamos com o arquiteto Gustavo Goés e ele fez um desenho para gente;, explica Barata.


Aparelhinho arrasta uma multidão por onde passa: do carnaval à ocupação da reitoria da UnB


Com o projeto traçado, o Aparelhinho foi feito por um marceneiro e ficou pronto para rodar pelas ruas de Brasília. Durante dois anos, o primeiro protótipo, que contou com financiamento coletivo, agitou o carnaval brasiliense. No ano passado, ele foi reformulado com a ajuda do dono de uma oficina no Lago Norte e ganhou uma armação de ferro.


O antes e o depois do Aparelhinho


O ;trio elétrico; dos DJs, que não tem placa de trânsito e possui um gerador próprio, ainda deve passar por mais uma reforma para o carnaval de 2015 porque, neste ano, as novas rodas estragaram durante o percurso. ;No fim do rolê pelo Setor Bancário Sul, tivemos que chamar os seguranças para nos ajudar a finalizar o trajeto. O Errol (responsável pelo novo projeto) já está pensando em soluções. Ele comprou a briga do Aparelhinho e envolveu a família toda nisso. No ano passado, por exemplo, ele estava ao nosso lado curtindo o carnaval com uma latinha de cerveja;, lembra.

Muitos projetos em um só


No último dia da série com as histórias de Rodrigo Barata publicadas pelo Correio, o DJ conta mais sobre os outros projetos do Criolina, coletivo formado por ele e pelos amigos Rafael Oops e Pezão. Atualmente, o grupo possui, além da festa e do bloco carnavalesco, um programa na Rádio Nacional. A atração, transmitida aos sábados, é uma espécie de esquenta para as baladas com música brasileira dividida em dois blocos: Viva o vinil e Batida global.


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Antes, o Criolina também comandou atrações na Rádio Cultura e em uma rádio universitária. ;No começo, nós passamos perrengue. Nós operávamos ao mesmo tempo em que tínhamos que falar;, relembra Barata. Hoje, na Nacional, eles contam com o apoio do radialista Bruno Costa. ;Ele nos ajuda muito, mas o início era uma escola. Fomos aprendendo tudo na hora;, afirma.

Também foi com a cara e com a coragem que eles assumiram, há oito anos, um programa ao vivo na TV Apoio, que era exibido nas cidades satélites do Distrito Federal. ;Não tinha roteiro, a gente exibia clipes, entrevistava a galera que tocava nas festas do Criolina, fazia brincadeiras com o fundo chroma key... No começo, a gente dava uma engasgada. Era trash. Mas tinha uma repercussão legal. Uma vez, a gente exibiu uma entrevista com o Fela Kuti e o pessoal ligou. Outra vez, também, uma professora ligou agradecendo por a gente levar cultura à tevê;, diz Barata. A atração televisiva durou cerca de um ano e meio.


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Depois, o coletivo investiu em um programa na internet. A websérie Sala Criolina, que já tem 10 programas, mostra um bate-papo com os artistas que se apresentam na balada do coletivo, como BNegão e Karol Conká. ;Quando começou, a gente já estava mais experiente. Mas fizemos sem apoio, nem nada e com a galera que tem uma história na música brasileira;, conta. Os vídeos estão disponíveis na página oficial do grupo no Facebook e a previsão é de que, no ano que vem, mais três entrevistas sejam disponibilizadas.

Com as crianças


O Criolina também tem dois projetos para o público infantil. O primeiro é o Bagunça Produtiva, que são oficinas sobre a profissão de DJ e sobre a música, em escolas das cidades-satélites. ;Nas oficinas, as crianças ficavam malucas. A gente soltava uma base e elas rimavam. E também era bacana porque a maioria não conhecia o vinil. Ou as que sabiam o que eram diziam: ;Meu tio-avô tem isso;. A gente acha muito importante levar a música para a molecada;, defende.


O Kid Criolina foi criado para reunir amigos com filhos


Já o Kid Criolina, que surgiu ao lado dos parceiros da Makossa e do Salve Jorge, foi uma solução para reencontrar os velhos amigos. ;A gente queria ver os nossos amigos, mas a galera estava indo menos às baladas. Todo mundo casado e com filho. Então, o Kid Criolina começou com uma colônia de férias e uma forma de reencontro. Em uma das edições, a gente fez uma gincana e os adultos entraram no clima ficaram até de noite brincando de cabo de guerra, dança das cadeiras;, completa.

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