Nahima Maciel
postado em 30/10/2014 08:01
A vida epistolar de Mario de Andrade era intensa. O modernista, autor de Macunaíma, poeta, crítico e folclorista, gostava de se corresponder com os amigos. E como todos circulavam pela literatura e pelas artes, é de se imaginar que o apreço era recíproco. A se tirar pelo volume de papéis produzidos, Mario e os amigos eram, na verdade, aficcionados. O Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), guardião da obra do escritor, mantém mais de 20 mil cartas assinadas por Mario e seus correspondentes. Foi nesse mar de escrita ; algumas podiam ter mais de 10 páginas ; que a curadora Denise Mattar mergulhou para montar o roteiro da exposição Mario de Andrade ; Cartas do modernismo, em cartaz a partir desta quinta (30/10) no Museu dos Correios.Denise pesquisa o modernismo nas artes plásticas desde 1997, sendo natural procurar na correspondência de Mario o maior número de referências possíveis às artes plásticas, por isso o foco da exposição é que tipo de ideias o modernista trocava com seus colegas pintores. No entanto, a curadora não podia fazer vista grossa para a literatura, linguagem artística pela qual Mario se expressava por excelência e tema que predominava na correspondência com outros escritores.
A exposição traz tanto cartas trocadas entre o modernista e personalidades como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalbcanti, Cícero Dias, Lasar Segall e Portinari, como a correspondência com Carlos Drummond de Andrade, Câmara Cascudo e Manuel Bandeira. Um conjunto capaz de desenhar um perfil de Mario de Andrade.
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[SAIBAMAIS]Além dos escritos, a própria coleção de arte de Mario, grande comprador e excelente negociador, integra a exposição. São obras de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Portinari, Di Cavalcanti, Ismael Nery e outros modernistas que ele admirava e com os quais costumava conviver. Apenas quatro obras das 30 trazidas a Brasília pertencem a coleções particulares. Para apresentar as cartas, Denise optou por três formatos: os livros com as páginas transcritas, os fac-símiles e tótens com gravações nas quais um ator lê o material com entonação que acompanha o estado de humor do autor. ;As (cartas) para Tarsila eram apaixonadíssimas, para Anita ele falava ;minha amiga;;, conta Denise.
SERVIÇO
Mario de Andrade ; Cartas do Modernismo
Abertura 30/10, às 19h, no Museu dos Correios (SCS, Qd 4, Bloco A, Ed. Apolo). Visitação até 4 de janeiro, de terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
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