Na virada final da década de 1970, o Clube de Imprensa havia se tornado uma das trincheiras de resistência do combalido regime militar em processo de abertura democrática ;lenta, gradual e segura;, anunciada pelo general Ernesto Geisel. Uma boa parte dos eventos culturais desembocava no espaço de lazer dos jornalistas. Chico Buarque chegou a jogar peladas por lá. Fagner fez shows, José Pereira, o Pereirinha, organizou animados forrós e Ulysses Guimarães comandou comícios.
[SAIBAMAIS]Em 1979, Nicolas Behr era um garoto de 20 anos, apareceu por lá para curtir um forrozão e se deparou com a cena de uma premiação literária acadêmica, sob o comando do escritor Joanyr Oliveira, que organizou várias antologias de poetas de Brasília. Ao testemunhar o e que se passava, Behr se dirigiu até a cozinha do Clube da Imprensa e realizou uma rápida e fulminante performance: ;O Joanyr Oliveira me detestava porque eu criticava e satirizava muito as academias. Eu tinha ido para brincar no forró, não sabia da premiação. Fui até a cozinha e vi que havia um saco de batatas em cima de uma mesa. Catei e, quando o Joanir anunciou: o vencedor é; Eu joguei as batatas, que rolaram por toda a sala. O Joanyr e os premiados ficaram furiosos comigo. Catei todas as batatas do chão e coloquei novamente na cozinha.;
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No que Behr pensou na hora? No espírito anárquico de Oswald de Andrade? Na Semana de Arte Moderna? Na célebre frase de Machado de Assis: (;Aos vencedores, as batatas;)? Nas performances do movimento surrealista ou dadaísta? ;Não pensei em nada;, responde o poeta. ;Foi um ato intuitivo e instintivo de brincar, bagunçar e desorganizar as coisas muito formais, muito certinhas, muito convencionais, cheias de pompa e de circunstância. Sempre ficou incomodado com isso. Simplesmente, fui lá, catei as batatas e fiz a brincadeira.;
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