postado em 03/11/2014 08:03
Dois anos: o tempo em que Alexandre Severo morou em São Paulo foi mais que o suficiente para que ele conquistasse a cidade ; e fosse também conquistado por ela. Para os amigos, o fotógrafo dizia que estava vivendo os melhores dias da vida. A felicidade foi interrompida em agosto deste ano, quando o avião que transportava Eduardo Campos, na época o candidato do PSB à Presidência da República, e sua equipe de campanha caiu no litoral paulista. Severo, o fotógrafo oficial, foi uma das vítimas.
[SAIBAMAIS]Depois do acidente, quatro amigos paulistas decidiram homenagear o pernambucano. A ideia era espalhar ao menos 100 grandes fotos de Severo em locais que ele costumava frequentar na cidade. Para arrecadar fundos, o grupo inscreveu o projeto no Catarse, site de financiamento colaborativo, em 16 de outubro. O valor é destinado aos gastos com equipamentos, impressões e custos de embalagem e envio.
;Com a morte dele, ficamos carentes de uma ação que pudesse homenageá-lo. Tudo que circulava na mídia estava relacionado à política, mas o Severo era um artista muito maior que o fotógrafo de Eduardo Campos. Queremos que as pessoas se lembrem dele pelo seu trabalho autoral, que é riquíssimo, cheio de sensibilidade e mudou a vida das pessoas;, disse Ricardo Reichhardt, um dos amigos e organizadores da homenagem.
Em apenas três dias, o projeto conseguiu arrecadar a meta inicial, de R$ 9,8 mil necessários para que os recursos fossem repassados. Uma semana depois, a quantia já havia dobrado de valor. ;Acreditamos que o sucesso da ação se dá pelo alcance da tragédia, pela qualidade de seu trabalho e principalmente pelo tamanho do coração de Severo e a carência que ele causou em todas essas pessoas que ficaram órfãs dele. Recebemos muitas mensagens agradecendo pela oportunidade de ver essas imagens nas ruas e de reviver esse sentimento;, conta Ricardo.
Foto 1: "Lembro que perguntei espantado e ele apenas respondeu: ;disseram que eram irmãos;. Não havia mais nenhuma informação. A foto era a mais rica informação. Voltamos ao local e descobrimos ;a história do contrário;. Esta fotografia, que rodou o mundo, resume bem o olhar sensível e sofisticado de Severo;, João Valadares, do Correio Braziliense
Foto 2: ;Cauã não para. É, como se diz no Nordeste, o raio da silibrina. Neste dia, o sol estava muito forte. Ele não podia sair de casa sem protetor solar. Mas, todas as vezes em que a mãe se descuidava, lá estava ele correndo pelo meio da rua. E, numa dessas escapadas, Severo conseguiu clicá-lo fugindo do seu maior inimigo: o sol;, João Valadares, do Correio Braziliense
Foto 1: ;Era um jogo. Eu e Severo fingíamos que estávamos nos deixando seduzir pela retórica do padre. Ele, que nós estávamos sendo seduzidos. Foram seis horas entre o véu e a verdade;, Fabiana Moraes, do Jornal do Commercio
Foto 2: ;Estávamos conversando, Severo observando. Chegou uma moça com um pote cheio de cocadas. Os presos se aproximaram da grade e começaram a escolher. Coco, coco queimado, goiaba. Fomos apresentados a uma desconhecida normalidade;, Fabiana Moraes, do Jornal do Commercio
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