Aos 72 anos, Ademir Araújo pode dizer que respirou música a vida inteira. Desde a adolescência na cena cultural pernambucana, o maestro recifense coleciona títulos e projetos de valorização da cultura popular nordestina. Ele fundou a Banda Municipal de Recife, integrou a Comissão Pernambucana do Folclore e, há décadas, é diretor e regente da Orquestra Popular do Recife, criada por Ariano Suassuna. O maestro Formiga, como é conhecido, está de volta a Brasília para uma apresentação no Clube do Choro (Eixo Monumental), neste sábado (08/11), às 21h.
Essa é a terceira vez em que ele integra o projeto Orquestra Popular Marafreboi, no qual as cenas culturais de Brasília e Pernambuco se encontram. "Eu me sinto muito bem quando volto a Brasília porque aqui eu vejo muito daquilo o que Ariano Suassuna sempre idealizava: a valorização da música brasileira", declara o maestro.
Ademir Araújo tem papel relevante no fomento da cultura popular. Compositor amante e especialista em frevo, maracatu e outros gêneros, ele foi responsável pelo projeto musical da Orquestra Popular Menino de Ceilândia, onde crianças e jovens de Brasília são estimulados a conhecer e desenvolver a música genuinamente brasileira que vai das criações populares às de Heitor Villa-Lobos.
"Eu não conheço o Brasil da música brasileira. Há autores que os brasileiros nem sabem que existiram. O que se conhece mais são os nomes estrangeiros. Precisamos fazer provocações, passar mensagens para despertar o interesse pelo o que é daqui", diz.
[SAIBAMAIS]Araújo é categórico ao criticar a forma como a cultura popular tem sido tratada no país. Para ele, os problemas estão na formação e na desvalorização dos artistas. "Ainda há muito o que se pesquisar, mas eu vejo que o ensino acadêmico não tem valorizado a cultura e música populares. Por exemplo, o jazz americano é mais valorizado que o frevo de Pernambuco. Não há o entendimento do frevo como uma manifestação de terapia, de berço e de braço. O problema é que isso mais a falta de divulgação desencoraja os jovens que poderiam disseminar cultura brasileira. Nos arredores do nordeste há vários que fazem trabalhos muito bonitos, mas que não têm um teatro, um palco, um lugar onde tocar", finaliza.
SERVIÇO
Orquestra Popular Marafreboi
Sábado (8/11), às 21h, no Clube do Choro (SDC, Bl. G, Eixo Monumental; 3224-0599)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Não recomendado para menores de 14 anos