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Confira a lista de filmes do diretor Mike Nichols, que morreu nesta quinta

Ataque cardíaco vitimou, aos 83 anos, um dos mais revolucionários artistas do cinema

Ricardo Daehn
postado em 20/11/2014 15:58
De origem alemã, o diretor Mike Nichols teve a carreira afirmada em meio a mundo generoso em transições. Testemunhou os perigos da Segunda Guerra e presenciou toda sorte de tranformações de comportamento sexual.

No miolo desses fatos, o cineasta foi mais do que observador. Atento observador da América, Nichols conquistou recentes espaços, pela conjuntura política internacional, que rendeu sátiras como Segredos do poder (1998) e Jogos do poder (2007). Sem dirigir há sete anos, ele será sempre lembrado pela maneira sutil de embutir humor em dramas com fundo crítico, acessíveis, e que colocavam em primeiro plano desempenhos espetaculares de atores sistematicamente indicados ao Oscar.

[SAIBAMAIS]Tema regular na sua filmografia, o sexo (e suas evoluções) foi bastante explorado. Nichols tinha momentos de genialidade, até mesmo em filmes menores como Metido em encrencas (1986), com Matthew Broderick, e A gaiola das loucas (1996), em que empregou um astro como chamariz (Robin Williams), tal qual feito com Jack Nicholson, que deu sobrevida à batida história de Lobo (1994).

Quem tem medo de Virgínia Woolf?
(1966)
No filme que rendeu mais que merecida estaueta do Oscar para a atriz Elizabeth Taylor,
o diretor deixou impressa a excelência na condução de atores, com todo elenco indicado
ao Oscar. Com aprendizado do dramaturgo Lee Strasberg e experiência na Broadway, Nichols fez transbordar a carga emocional e a tensão, em meio à uma interminável noite de acusações e perturbadores jogos comandados pelos intelectuais Martha (Taylor) e George (Richard Burton).

A primeira noite de um homem (1967)
Um dos filmes mais amados de todos os tempos, e que habita o inconsciente do americano
médio, a comédia rendeu a emblemática cena do recém-formado (Dustin Hoffman) a ser iniciado pela senhora Robinson (Anne Bancroft). "Senhora Robinson, a senhora está tentando me seduzir, não está?" é a deixa para o antológico personagem de Hoffman que tenta encontrar um lugar no mundo dos adultos. Com a fita, Nichols levou o Oscar de melhor diretor. São inesquecíveis as músicas de Simon & Garfunkel (esse viria a ser ator, em outro filme de Nichols, Ânsia de amar, de 1971) usadas na trilha.
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Uma secretária de futuro
(1988)
O poder de projetar astros como Alan Arkin (Ardil 22) e Clive Owen (Closer) foi usado para dar lastro a Melanie Griffith, com a voz irritante, dona de estilo brega e de topetes de
laquê. Na rara comédia indicada ao Oscar de melhor filme, ainda com tudo jogando contra,
a personagem de Griffith tem méritos e artifícios para afrontar a chefe (Sigourney Weaver),
dona de caráter bastante dúbio.

Lembranças de Hollywood (1990)
Com direito a cantantes Meryl Streep e Shirley MacLaine, Nichols revê a trajetória da
atriz Carrie Fischer (a partir de autobiografia). Cerca a filha de Debbie Reynolds e atriz de Star Wars com uma aguda malícia e com um afiado cinismo (magistralmente pontuados
por Streep). A atriz, desde sempre, foi dos grandes talismãs de Nichols, em afinadas parcerias, como demonstrado em Silkwood, retrato de uma coragem (1983) e A difícil arte de amar (1986).

Angels in America
(2003)
Também produtor da minissérie, repetindo posição e desempenho positivo na carreira paralela da qual saíram joias de filmes como Vestígios do dia (de James Ivory), Nichols precedeu a febre das séries. No melhor trabalho da tevê, pela eleição do Globo de Ouro, ele abordou com seriedade o tema da Aids, ao mesmo tempo em que imprimiu doses sobrenaturais de emoção e de liberdades poéticas. No elenco, os fenomenais Al Pacino e Meryl Streep.

Closer - Perto demais (2004)
Uma ciranda de amores, de traições e de sexo fazem o diretor retomar as origens teatrais, na
claustrofóbica adaptação de peça de Patrick Marber. Julia Roberts, Jude Law e a dobradinha Clive Owen e Natalie Portman (indicada ao Oscar de coadjuvantes) se esforça para que soe natural o texto repleto de ressentimentos e pesadas descrições de sexo. A trilha popularizou Damien Rice e sua The blower;s daughter.
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